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Os Valdenses

Os Valdenses

                                                                                  OS VALDENSES

 

PEDRO VALDO (1140 -1217) alguns livros relatam que os valdenses se originaram de um rico comerciante de Lyon em ll76. Seu nome era Pedro de Valdo, daí a expressão valdenses.

Significativo é o depoimento de Raisero Sachoni. Ele foi por dezessete anos um dos mais ativos pregadores dos "Valdenses". Mais tarde uniu-se à ordem dominicana apostatando da fé. Tornou-se um grande inimigo dos Valdenses, e por isso foi feito inquisitor da Lombardia. Por muitos anos, até sua morte, acusou e mandou matar seus ex-irmãos. Sua opinião sobre a origem dos valdenses é como se segue:

"Entre todas as seitas não há mais perniciosa à igreja (católica é claro) do que os valdenses. Por três razões:

 Primeira: porque é de uma “seita” mais antiga, pois alguns dizem que data do tempo de Silvestre (Silvestre foi o bispo de Roma entre 314-335, junto com Constantino I condenou os novacianos e os donatistas, os chamados valdenses também vieram desses grupos) outros ao tempo dos apóstolos.  

Segunda: é a mais largamente espalhada, porque dificilmente haverá um país onde não existam.

Terceira:  porque, se outras seitas horrorizam aos que a ouvem, os valdenses, pelo contrário, possuem uma grande aparência de piedade. Como matéria de fato, eles levam vidas irrepreensíveis perante os homens e no que respeita a sua fé, aos artigos do seu credo, são ortodoxos. Sua única falta é que blasfemam contra a igreja e o seu credo".

O testemunho desse apóstata é muito importante. Outro escritor, dessa vez um francês, Michelet, diz na Historie de France, II, pg 402, Paris 1833: "Os valdenses tiam uma continuidade secreta através da Idade Média." E Neander adiciona na “History of the Christian, pg 605, Vol. IV, 1859: Não é sem fundamento a afirmação dos valdenses deste período (1100 em diante), a respeito da antiguidade de sua seita, e que tinha havido, desde o tempo da secularização da igreja ".

No final do século XV os valdenses ainda incomodavam. Suas atuações estavam nos vales dos Alpes. Tinham uma escola prática em Milão e de ramificações em zonas distantes como a Calária e a Apúlia. Possuindo um seminários independentes, os valdenses enviavam uma grande quantidade de missionários itinerantes, os quais, conheciam de cor longas passagens dos evangelhos e das epístolas.

              

 Confissão de Fé Valdense do Ano de 1120

1 Cremos e mantemos firmemente tudo o que está contido nos doze artigos do símbolo comumente chamado de Credo Apostólico, e consideramos herética qualquer inconsistência com eles.

2 Cremos que há um só Deus o Pai, Filho e Espírito Santo.

3 Reconhecemos como Escrituras Sagradas e canônicas os livros da Bíblia Sagrada.

4 O livro acima mencionado nos ensinam: que há um Deus, todo-poderoso, ilimitado em sabedoria, infinito em bondade, e que, em Sua bondade, fez todas as coisas. Porque Ele criou Adão à Sua própria imagem e semelhança. No entanto, por causa da inimizade do diabo e sua própria desobediência, Adão caiu, o pecado entrou no mundo, e nos tornamos transgressores em e por Adão.

5 Cremos que Cristo havia sido prometido aos pais que receberam a lei, a fim de que, conhecendo seus pecados pela lei, e suas injustiças e insuficiências, pudessem desejar a vinda de Cristo para realizar a satisfação por seus pecados, e cumprir a Lei por Ele mesmo.

6 Cremos que no tempo determinado pelo Pai, Cristo nasceu, em um tempo em que abundava a iniquidade, para manifestar que não era devido à nossa bondade, porque éramos pecadores, mas para que Ele, que é verdadeiro pudesse mostrar Sua graça e misericórdia a nós.

7 Que Cristo é nossa vida, verdade, paz e justiça, nosso pastor e advogado, nosso sacrifício e sacerdote, quem morreu pela salvação de todo aquele que crê, e que ressuscitou para a justificação deles.

8 E também cremos firmemente que não há outro mediador, ou advogado para com Deus o Pai senão Jesus Cristo. Com respeito à virgem Maria, ela era santa, humilde e plena de graça; e isto também cremos com relação a todos os outros santos, que estão esperando no céu a ressurreição de seus corpos no dia do juízo.

9 Cremos também que, depois desta vida, existem apenas dois lugares, um para os que são salvos e outro para os condenados, os quais chamamos paraíso e inferno, respectivamente. Negamos por completo o purgatório imaginário do anticristo, inventado para se opor à verdade.

10 Ademais, sempre temos considerado todas as invenções [em matéria de religião] como uma abominação indizível diante de Deus; citamos os dias festivos e vigílias dos santos, a chamada "água benta", o abster-se de carnes em certos dias e outras coisas parecidas; porém, sobre tudo isso, citamos as missas.

11 Mantemo-nos contra todas as invenções humanas, como procedentes do anticristo, as quais produzem angústia e são prejudiciais para a liberdade da mente (Provavelmente aqui temos uma alusão às penitências e práticas ascéticas - nota da versão espanhola).

12 Consideramos os Sacramentos como sinais das coisas santas ou como emblemas das bênçãos invisíveis. Cremos que justo e também necessário que os crentes se utilizem desses símbolos ou formas, quando possível. No entanto, sustentamos que os crentes podem ser salvos sem esses sinais, quando não dispõem do lugar ou da oportunidade de observá-los.

13 Não aprovamos outros sacramentos (como instrução divina), à parte do Batismo e da Ceia do Senhor.

14 Honramos os poderes seculares, com sujeição, obediência, prontidão e impostos.

                              

Confissão de Fé Valdense do Ano de 1544

1 Cremos que há somente um Deus, que é Espírito - o Criador de todas as coisas - o Pai de todos, que está acima de tudo, e em tudo, e em todos nós; que deve ser cultuado em espírito e em verdade, de quem nós somos continuamente dependentes, e a quem damos louvor por nossa vida, alimento, vestuário, saúde, doença, prosperidade, e adversidade. Nós o amamos como a fonte de toda a bondade; e o reverenciamos como ser sublime, que sonda os rins e prova os corações dos filhos dos homens.

2 Cremos que Jesus Cristo é o Filho e imagem do Pai - que Nele habita toda a plenitude da divindade, e que somente por Ele conhecemos o Pai. Ele é nosso mediador e advogado; não há nenhum outro nome debaixo do céu pelo qual devamos ser salvos. Somente em Seu nome rogamos ao Pai, não usando nenhuma outra súplica além daquelas contidas nas Sagradas Escrituras, ou tais que estejam substancialmente de acordo com Elas.

3 Cremos no Espírito Santo como o Consolador, procedente do Pai e do Filho; pela inspiração de quem somos ensinados a orar; sendo por Ele renovados no espírito de nossas mentes; que nos recria em boas obras, e de quem recebemos o conhecimento da verdade.

4 Cremos que há uma só santa igreja, incluindo toda a assembléia dos eleitos e fiéis, que têm existido desde o início do mundo, ou que irão existir até o seu final. O Senhor Jesus Cristo é o cabeça desta igreja - ela é governada por Sua palavra e guiada pelo Espírito Santo. É benéfico a todos os cristãos que tenham comunhão na igreja. Por ela Ele [Cristo] intercede incessantemente, e Sua oração por ela é mais aceitável a Deus, sem o que em verdade não poderia haver salvação.

5 Sustentamos que os ministros da igreja devem ser irrepreensíveis tanto na vida quanto na doutrina; e se encontrados diferentemente, devem ser destituídos em seu ofício, e outros devem tomar seu lugar; que nenhuma pessoa deve conjeturar tomar esta honra sobre si mesmo, mas somente aquele que é chamado por Deus como foi Arão - que os deveres destes tais são alimentar o rebanho de Deus, não pelo desejo de imundo lucro, ou como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas como sendo exemplos para o rebanho, em palavra, em conversação, em caridade, em fé, e em castidade.

6 Reconhecemos que reis, príncipes, e governadores, são designados e estabelecidos como ministros de Deus, aos quais somos compelidos a obedecer [em todas as questões legais e civis]. Porque trazem a espada para defesa do inocente, e a punição dos agentes do mal; por esta razão somos compelidos a lhes honrar e pagar tributo. Deste poder e autoridade, nenhum homem pode se isentar uma vez que é manifesto o exemplo do Senhor Jesus Cristo, que voluntariamente pagou tributo, nunca tomando sobre si mesmo qualquer jurisdição de poder temporal.

7 Cremos que a ordenança do batismo em água é o sinal visível e externo, que representa aquilo que, pela virtude da operação invisível de Deus, está em nosso interior - a saber, a renovação de nossas mentes, e a mortificação de nossos membros através [da fé em] Jesus Cristo. E por esta ordenança somos recebidos na santa congregação do povo de Deus, previamente professando e declarando nossa fé e mudança de vida.

8 Sustentamos que a Ceia do Senhor é uma comemoração dos (e ação de graças pelos) benefícios que temos recebido por Seus sofrimentos e morte - e que é para ser recebida em fé e amor - examinando-nos a nós mesmos, para que possamos comer daquele pão e beber daquele cálice, como está escrito nas Sagradas Escrituras.

9 Mantemos que o casamento foi instituído por Deus. Que é santo e honrado, e não deve ser proibido a ninguém, contanto que não haja nenhum obstáculo proveniente da divina palavra.

10 Afirmamos que todos aqueles em quem habita o temor de Deus, serão por meio deste levados a agradá-lo, e a abundar nas boas obras [do evangelho] as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas - que são amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, gentileza sobriedade, e as outras boas obras impostas nas Sagradas Escrituras.

11 Por outro lado, confessamos que consideramos ser nosso dever nos guardarmos dos falsos mestres, cujo objetivo é desviar as mentes dos homens da verdadeira adoração a Deus, e levá-los a colocar sua confiança na criatura, bem como se desviar das boas obras do evangelho, e considerar as astúcias dos homens.

12 Tomamos o Velho e o Novo Testamento como regra para nossa vida, e estamos de acordo com a confissão geral de fé contida no Credo Apostólico.

No século XVI a euforia da reforma também varreu uma grande parte dos valdenses. Acredito que isso destruiu o grupo como denominação. Alguns se aliaram com os luteranos na Alemanha, outros a Zuinglio na Suiça, e uma grande parcela com Calvino. Até hoje existe algumas igrejas com o nome denominacional "valdense".

"Sabe-se também que durante esses anos (de 1536 a 1561) Menon Simon viajara infatigavelmente através da Alemanha e dos Países Baixos, confirmando e estendendo os grupos que haviam conseguido escapar à perseguição... O pintor de Vitrais David Joris (morto em 1556) tornou-se também um organizador itinerante. Foi finalmente obrigado a fugir para Basiléia, onde, escondido durante largos anos, conseguiu evitar a fogueira."

Assim fica claro que após a perseguição desencadeada de 1533 os que se dispersaram foram reagrupados por pastores itinerantes. Os resgatados por Menon Simon - nem todos - acabaram sendo conhecidos por menonitas, e existem como denominação até hoje. Os que foram resgatados por David Joris, e muitos outros pastores.

Moshein, um dos maiores escritores da história luterana, testifica:

(Eccl. Hist. Cent. 16, secção 3, parte 2, capítulo III. Fuller Church History B.4)

"Antes de se levantarem Lutero e Calvino, estavam ocultas, em quase todos os países da Europa, pessoas que seguiam tenazmente os princípios cristãos".

"Vasto número dessa gente, em quase todos os países da Europa, preferiam perecer miseravelmente por afogamento, fogueira ou decapitação, do que renunciar as opiniões que abraçaram...

É realmente verdade que muitos servos de Deus foram mortos, não por serem maus cidadãos, nem membros malfazejos da sociedade civil, mas apenas por serem  chamados de hereges incuráveis, condenados pelas antigas leis canônicas catolicas".


Um grande abraço na paz do Senhor Jesus!

Aldrain Lima