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Clemente de Roma e Policarpo de Esmirna

Clemente de Roma e Policarpo de Esmirna

Clemente de Roma (c. 30-101)

Viveu no primeiro século da era cristã, nascido em Roma, de família hebraica. É identificado como colaborador de Paulo (Fl 4.3). Esta informação foi confirmada por outros cristãos como Orígenes (Jo 6.36; Dos Princípios livro 2, cap 3.3) e Eusébio de Cesárea. Segundo este último: "... Anacleto tinha sido bispo da Igreja dos romanos durante doze anos, foi substituído por Clemente que o Apóstolo, em sua carta aos Filipenses, declara ter sido seu colaborador..."(História Eclesiástica livro III,15).

Os cristãos que viveram após a época de Clemente, acreditavam ser ele o autor da Epístola aos Hebreus, devido à semelhança do estilo que esta carta tinha com sua Carta aos Coríntios (Esta epístola aos Coríntios foi tida por muitos como Escritura Sagrada até o 4º século). Embora alguns achassem que a Carta aos Hebreus tivesse sido escrita por Lucas, também colaborador do apóstolo Paulo, a autoria atribuída a Clemente era mais aceita no cristianismo primitivo.

Não se sabe ao certo quando ele morreu provavelmente no início do segundo século.  Alguns acreditam que Clemente Romano foi vítima da perseguição durante o governo de Domiciano. Outros acreditam que ele foi preso no reinado de Trajano. Condenado a trabalhos forçados nas minas de cobre de Galípoli, converteu muitos presos e por isso foi atirado ao mar com uma pedra amarrada ao pescoço, tornando-se num mártir dos princípios da Cristandade.  Ele e outros diversos cristãos foram mortos pela fé que professavam.

 

Policarpo de Esmirna (70-156)

Nascido em uma família cristã por volta dos anos 70, na Ásia Menor (hoje Turquia), Policarpo dizia ser discípulo do Apóstolo João.  Em sua juventude costumava se sentar aos pés do Apóstolo do amor. Também teve a oportunidade de conhecer Irineu, o mais importante erudito cristão do final do segundo século. Inácio de Antioquia, em seu trajeto para o martírio romano  cerca do ano 110, escreveu cartas para Policarpo e para a Igreja de Esmirna.

Policarpo visitou Roma, a fim de representar as igrejas da Ásia Menor que observavam a Páscoa no dia 14 do mês de Nisan. Apesar de não chegar a um acordo com o bispo de Roma (Aniceto c. de 150-168) sobre este assunto, ambos mantiveram uma grande amizade (nessa época ainda não existia a instituição que matava quem dela discordasse).

 Martírio de Policarpo

O martírio de Policarpo é uma das mais antigas "paixões epistolares". Discípulo do apóstolo João, Policarpo foi feito bispo de Esmirna, uma das mais importantes comunidades cristãs.

         Em Esmirna, cerca do ano 155, a intolerância manifestou-se com o martírio do bispo Policarpo, provocado pela multidão enfurecida. O magistrado Herodes procedeu à prisão do bispo que, entretanto tinha deixado a cidade. Mandou-o levar ao estádio onde procurou convencê-lo a renegar a fé:

    - Pensa na tua idade e jura pelo gênio de César convence-te uma vez por todas a gritar a morte dos ateus.

    - Sim, morram os ateus!(ateus eram os critãos que não adoravam os deuses romanos)

    - Jura e coloco-te em liberdade; amaldiçoa a Cristo.


    - Faz 86 anos que o sirvo, e ele nunca me abandonou; como posso blasfemar contra o meu Rei e Salvador?

    - Tenho prontas as feras; se não mudas de ideia lanço-te a elas.
    - Chama-as! Nós cristãos não admitimos que se mude, passando do bem ao mal, mas acreditamos que é preciso converter-nos do pecado à justiça.
    - Se não te importam as feras e se continuas a ter a mesma idéia fixa farei com que sejas consumido pelo fogo.

    - Ameaças-me com um fogo que queima por pouco e depois se apaga; vê-se que não conheces aquele do juízo futuro, da pena eterna reservada aos ímpios. Porque queres ser condescendente? Faz o que quiseres.
         Dizia isso com coragem e serenidade, irradiando tal graça do seu rosto, que nem parecia que fosse ele o processado, mas sim o Procônsul. Quando a fogueira foi preparada, amarraram-no com as mãos às costas, como um carneiro de um grande rebanho escolhido para o sacrifício, holocausto aceito por Deus. Elevando os olhos, ele rezou:
- Eu te bendigo Senhor Deus onipotente, porque me fizeste digno deste dia e desta hora, de ser enumerado entre os mártires, de compartilhar o cálice do teu Cristo, para ressuscitar à vida eterna da alma e do corpo na incorruptibilidade do Espírito Santo.

Concluída a oração, a fogueira foi acesa; as chamas, porém, dobrando-se em forma de abóbada, como se fosse uma vela inchada pelo vento, circundou o corpo do mártir como um muro. Estava no meio não como corpo que queima, mas como pão que se doura assando ou como ouro e prata que são refinados no cadinho; sentiu-se um perfume como de incenso ou outro aroma precioso. Demorando ele a morrer, ordenaram a um dos executores para o fazer, e ele o matou com uma lança.