Conceitos antigo da divindade
Conceitos antigos da divindade
Justino, o mártir
Justino (100-165) afirmava que muitas vezes se referiam a Jesus como o anjo, mas isto se devia ao fato de Cristo ser Deus, e muitas vezes assumir a aparência de um anjo. Justino também afirmava que "o Pai tem um Filho, e Ele, sendo o primogênito Verbo de Deus, é o próprio Deus. Nos tempos antigos, Ele apareceu na forma de fogo e na semelhança de um anjo a Moisés e aos demais profetas. ( Primeira Apologia 63 )
Justino acreditava também em uma forma rudimentar na "trindade". Declarou que os cristãos adoravam ao Pai, "ao Filho (que veio da parte dEle...) e ao Espírito profético. ( Primeira Apologia 6 )
Que o Filho e o Espirito são Deus fica subentendido, pois somente a Deus se deve adorar e prestar culto. ( Primeira Apologia 16,17 )
Justino declarou a Trifão sobre Jesus: "pois se vós tivésseis entendido o que foi escrito pelos profetas, não teríeis negado que Ele fosse Deus". ( Diálogo com Trifão, cap. 63 )
Em sua Petição a favor dos cristãos, dirigida aos imperadores Marco Aurélio Antonino e Lúcio Aurélio Cômodo.
“ Desse modo, fica suficientemente demonstrado que não somos ateus, pois admitimos um só Deus, incriado, eterno, e invisível, impassível, incompreensível e imenso, compreensível à razão só pela inteligência, rodeado de luz, beleza, espírito e poder inenarrável, pelo qual tudo foi feito através do Verbo que dele vem, e pelo qual tudo foi ordenado e se conserva. De fato, reconhecemos também um Filho de Deus. E que ninguém considere ridículo que, para mim, Deus tenha um Filho. Com efeito, nós não pensamos sobre Deus, e também Pai, e sobre seu Filho como fantasiam vossos poetas, mostrando-nos deuses que não são em nada melhores do que os homens, mas que o Filho de Deus é o Verbo do Pai em idéia e operação, pois conforme a ele e por seu intermédio tudo foi feito, sendo o Pai e o Filho um só.”
Estando o Filho no Pai e o Pai no Filho por unidade e poder do Espírito, o Filho de Deus é inteligência e Verbo do Pai. Se, por causa da eminência de vossa inteligência, vos ocorre perguntar o que quer dizer filho, eu o direi livremente: o Filho é o primeiro broto do Pai, não como feito, pois desde o princípio Deus, que é inteligência eterna, tinha o Verbo em si mesmo; sendo eternamente racional, mas como procedendo de Deus, quando todas as coisas materiais eram natureza informe e terra inerte e estavam misturadas as coisas mais pesadas com as mais leves, para ser sobre elas ideia e operação. E o Espírito profético concorda com o nosso raciocínio, dizendo: “O Senhor me criou como princípio de seus caminhos para suas obras. Com efeito, dizemos que o mesmo Espírito Santo, que opera nos que falam profeticamente, é uma emanação de Deus... Portanto, quem não se surpreenderá ao ouvir chamar de ateus indivíduos que admitem um Deus Pai, um Deus Filho e um Espírito Santo, que mostram seu poder na unidade e sua distinção na ordem? ...nos dirigimos pelo único desejo de conhecer o Deus verdadeiro e o Verbo que dele procede, qual é a comunicação do Pai com o Filho, que coisa é o Espírito, qual é a união de tão grandes realidades, qual a distinção dos assim unidos, do Espírito, do Filho e do Pai; nós que sabemos que a vida que esperamos é superior a tudo quanto a palavra pode expressar, se chegarmos até ela puros de toda iniqüidade; nós que vivemos a nossa fé até amar não só os nossos amigos, como diz a Escritura: “Se amais os que vos amam e emprestais aos que vos emprestam, que recompensa tereis?” a nós que somos tais e vivemos tal vida para fugirmos de ser julgados, não somos considerados piedosos?
De fato, assim como confessamos Deus, o Filho, que é o seu Verbo, e o Espírito Santo, identificados segundo o poder, mas distintos segundo a ordem: o Pai, o Filho e o Espírito, porque o Filho é inteligência, Verbo e sabedoria do Pai, e o Espírito, emanação como luz do fogo...
Para Justino, toda verdade era verdade de Deus. Os grandes filósofos gregos haviam sido inspirados por Deus até certo ponto, mas permaneciam cegos com relação à plenitude da verdade de Cristo. Desse modo, Justino trabalhou livremente com o pensamento grego, explicando Cristo como seu cumprimento. Ele se aproveitou do princípio apresentado pelo apóstolo João, no qual Cristo é o Logos, a Palavra. Deus Pai era santo e separado da humanidade maligna, e Justino concordava com Platão nesse aspecto. Porém, por intermédio de Cristo, seu Logos, Deus pôde alcançar os seres humanos. Como o Logos de Deus, Cristo era parte da essência de Deus, embora separado, do mesmo modo que uma chama se acende a partir de outra. O pensamento de Justino foi fundamental no desenvolvimento da consciência da igreja com relação à Trindade e à encarnação de Cristo.
Os Valentinianos
Valentinus de Alexandria (c. 100-160) foi um teólogo cristão gnóstico. Ele fundou sua escola em Roma. De acordo com Tertuliano, Valentinus foi candidato a um cargo de bispo, mas quando não foi escolhido, começou o seu próprio grupo.
Produziu uma variedade de escritos, mas apenas fragmentos sobreviveram, não é suficiente para reconstruir o seu sistema, salvo em linhas gerais. Sua doutrina é conhecida a nós pelos seus discípulos.
A ideia da divindade existente em três hypostases (substâncias, naturezas) veio de Platão, através dos ensinamentos de Valentinus. Ele publicou no livro intitulado: “Sobre as Três Natures” que Deus é três prosopa (pessoas). Ele foi o primeiro a ensinar sobre três entidades subsistente ou três pessoas distinta (diferente) Pai, Filho e Espírito Santo. O Deus supremo representando o Pai; O Intelecto. O Filho, o Logos, que se faz homem (não homem de fato, mas só aparência humana) através de Jesus. É através desse Filho que surge a centelha divina que se encontra nos homens espirituais e, o Espírito Santo, que é o princípio divino do tempo, a alma do mundo.
O texto apócrifo chamado o Evangelho da verdade que tem o mesmo título relatado por Ireneu como pertencentes a Valentinus (Adversus Haereses livro 3 cap.11.9); o Evangelho da Verdade foi escrito em grego provavelmente entre 140 e 160. O que mais afligia Irineu era que a maioria dos cristãos e alguns lideres não considerava os seguidores de Valentinus hereges. Grande parte não sabia diferenciar o ensinamento valentiniano do ortodoxo.
A ideia desse evangelho gnóstico é que alguém pode chegar a uma compreensão dos mistérios ensinados por Jesus e o Pai, por sua própria conta, sem a Igreja, elimina a necessidade de uma Igreja, por isso, segue então que as igrejas são barreiras para o conhecimento.
Valentinus defende a tese segundo a qual há em Jesus Cristo duas manifeatações distintas, uma humana e outra divina, sendo Cristo (o ungido) o logos celestial que a um tempo se uniu a Jesus o homem (aparência humana que é limitada) no seu surgimento.
“Jesus veio como um guia que abre o acesso para o entendimento espiritual, e quando o discípulo se ilumina, ele deixa de ser seu mestre, pois ambos se tornam semelhantes.”
Teofilo de Antioquia
Teófilo (c.120-180) foi o primeiro autor cristão a ensinar explicitamente que os livros do Novo Testamento procedem de autores inspirados. Doutrinariamente é de particular interesse a sua tentativa de exposição e explicação da doutrina trinitária: foi, mesmo, o primeiro autor a apresentar a distinção na mesma Pessoa, entre o "Logos endiáthetos" isto é, o "Logos "imanente" ou "eterno, que está em e com Deus-Pai desde a eternidade, e o "Logos proforikós" isto é, "Logos "proferido” ou emitido, como matriz e instrumento da criação desde o começo dos tempos. Teófilo usou a palavra "Τριας" ( Trias ) para se referir à unidade na distinção das três pessoas divinas.
“...o aspecto de Deus é inefável, inexprimível, e não pode ser visto com os olhos carnais. Por sua glória, ele é sem limite, inigualável por sua grandeza, acima de qualquer ideia por sua altura, incomensurável por sua força, sem igual por sua sabedoria, inimitável por sua bondade, indizível por sua benevolência.
Se eu o chamo Luz, é uma de suas criaturas que nomeio; se eu o chamo Verbo, nomeio o seu princípio; seu eu o chamo Razão, nomeio a sua inteligência; se eu o chamo Espírito, nomeio a sua respiração; se eu o chamo Sabedoria, nomeio o que ele gera; se eu o chamo Força, nomeio o seu poder; se eu o chamo Potência, nomeio a sua atividade; se eu o chamo Providência, nomeio a sua bondade; se eu o chamo Soberania, nomeio a sua glória; seu eu o chamo Senhor, digo que é juiz; se eu o chamo Juiz, digo que é justo; se eu o chamo Pai, digo que é tudo; se o chamo Fogo, nomeio a sua ira.
Tu me dirás: "Deus fica irado?" Eu respondo: Sim, ele se ira contra aqueles cujas ações são más; no entanto, ele é bom, propício e misericordioso para com aqueles que o amam e o temem; ele é o educador dos fiéis, o pai dos justos, o juiz e castigador dos ímpios.”
“Ele não tem princípio, porque não foi gerado; ele é imutável, porque é imortal. É chamado Deus porque fundou tudo sobre sua própria estabilidade... Ele é Senhor, porque exerce o senhorio sobre tudo; Pai, porque existe antes de tudo; Fundador e Criador, porque ele criou e fez tudo; Altíssimo, porque ele é superior a todas as coisas; Onipotente, porque ele domina e envolve tudo... E Deus fez tudo do não-ser para o ser, a fim de que por suas obras seja conhecida e compreendida a sua grandeza.!”( 1º Livro a Autólico 3,4 )
“...Tendo Deus o seu Verbo imanente em suas próprias entranhas, gerou-o com a sua própria sabedoria (Espírito), emitindo-o antes de todas as coisas. Teve este Verbo como ministro da sua criação e por meio dele fez todas as coisas. Este se chama Princípio, pois é Príncipe e Senhor de todas as coisas por ele feitas. Este, portanto, que é Espírito de Deus e Princípio e Sabedoria e Força do Altíssimo, desceu sobre os profetas, e por meio deles falou sobre a criação do mundo e tudo o mais. De fato, não existiam profetas quando o mundo era feito; existia, porém, a sabedoria que nele estava, e o seu Verbo santo, que sempre estava presente a ele. Daí ele dizer por meio do profeta Salomão: "Quando ele preparava o céu, eu estava com ele, e quando ele afirmava os alicerces da terra, eu estava junto dele, harmonizando tudo.
Moisés, que viveu muitos anos antes de Salomão, ou melhor, o Verbo de Deus, que se serve dele como instrumento, diz: "No princípio fez Deus o céu e a terra". Suas primeiras palavras são para o princípio e a criação, e depois acrescenta o nome de Deus, porque não se deve tomar o nome de Deus em vão ou sem motivo. A sabedoria divina sabia antecipadamente que alguns iriam dizer tolices e dar o nome de Deus a muitas coisas que não têm ser. Portanto, para que o verdadeiro Deus fosse conhecido por suas obras e para que se saiba que em seu Verbo Deus fez o céu e a terra e tudo o que eles contêm, disse: "No princípio fez Deus o céu e a terra". Depois, a respeito da sua criação, ele nos explica: "A terra era invisível e informe, as trevas estavam sobre o abismo, e um espírito de Deus pairava acima da água". ( 2º Livro a Autólico 10 )
“...Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da triade, de Deus, de seu Verbo e de sua Sabedoria. No quarto símbolo está o homem, que necessita de luz. Assim temos: Deus, Verbo, Sabedoria, Homem. É também por isso que os luzeiros foram criados no quarto dia.” ( 2º Livro a Autólico 15 )
“Agora me dirás: Tu dizes que Deus não deve estar circunscrito a nenhum lugar. Como agora dizes que Deus passeava no jardim?" Ouve minha resposta. Deus, o Pai do universo, é imenso e não está limitado a um lugar, pois não existe lugar para seu descanso. O seu Verbo, porém, pelo qual ele fez todas as coisas, sendo sua potência e sabedoria, tomando a figura do Pai e Senhor do universo, foi ele que se apresentou no jardim em figura de Deus e conversava com Adão.
De fato, a própria divina Escritura nos ensina que Adão disse ter ouvido a sua voz. Que outra coisa é essa voz senão o Verbo de Deus, que é também seu Filho? Filho não à maneira como poetas e mitógrafos dizem que nascem filhos dos deuses por união carnal, mas como a verdade explica que o Verbo de Deus está sempre imamente no coração de Deus. Porque antes de criar alguma coisa, o tinha por conselheiro, pois era sua mente e pensamento. E quando Deus quis fazer tudo o que havia deliberado, gerou esse Verbo proferido, como primogênito de toda criação, não se esvaziando de seu Verbo, mas gerando o Verbo e conversando sempre com ele.
Por isso, as santas Escrituras e todos os portadores do espírito nos ensinam, dentre as quais João diz: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, dando a entender que no princípio existia apenas Deus e nele o seu Verbo. Depois diz: E Deus era o Verbo. Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito. Portanto, sendo o Verbo Deus e nascido de Deus, quando o Pai do universo quer, ele o envia a algum lugar e, chegando aí, ele é ouvido e visto, pois é enviado por ele e se encontra em algum lugar.” ( 2º Livro a Autólico 22 )
Irineu de Lyon
Irineu (c.125-202 ) ao enfatizar a unidade de Deus, o faz refletindo sobre as distinções do Ser Divino: Pai, Filho e Espírito Santo. Irineu mostra a dificuldade de se reconciliar uma só realidade divina com tais distinções, isto é, como afirmar a unidade de Deus e ao mesmo tempo preservar a Tríade. No seu pensamento, as próprias relações das "pessoas" da Tríade permanecem obscuras.
A divina Tríade é invocada para mostrar com mais detalhes como Deus se relaciona com o mundo não somente na criação, mas na redenção. Irineu se acerca de Deus a partir de duas direções, vendo-o tanto como ele existe no seu ser intrínseco e também como ele se manifesta na economia, o processo ordenado da sua automanifestação. Do primeiro ponto de vista, Deus é o Pai de todas as coisas, inefavelmente um, e, todavia contendo em si mesmo desde toda a eternidade a sua Palavra e a sua Sabedoria. Porém, ao dar-se a conhecer ou por-se em atividade na criação e na redenção, Deus manifesta esta Palavra e esta Sabedoria; como o Filho e o Espírito, elas são as suas "mãos," os veículos ou formas da sua auto-revelação.
Com a afirmação de Deus como uno e criador, explica Irineu, "é Deus o Pai, incriado, não-gerado, invisível, Divindade una e única, criador do universo" (Demonstração da preg. apostolica 6; ver também Contra as Heresias (Adversus Haereses. Livro 2; 1.1 e 2; 9.1 e 2; 16.3). Deus exerce a Sua atividade criadora através da Sua Palavra e da Sua Sabedoria ou Espírito (Adv. haer 2; 30.9). Ele criou ex nihilo (Adv. haer 2; 10.4), sendo esta provavelmente a primeira declaração cristã explícita da criação de todas as coisas a partir do nada. Para fundamentar estes princípios Irineu apela, além das Escrituras, à razão natural (Demonst. 4). Ele escreve que Deus é incriado, incompreensível, sem figura ou forma, impassível e incapaz de erro (Adv. haer. 4; 38.2-3). Ele é estático, imutável (Adv. haer 2; 34.2), autocontido e autosuficiente (Adv. haer 2; 1.5 e 4; 16.4).
Irineu também repete constantemente que Deus é sem limites. O verdadeiro Deus é ele mesmo o Pleroma, a "Plenitude" de todas as coisas. Como tal, ele não é contido por nada e, todavia contém tudo o que existe (Adv. haer 2; 30.9 e 2; 1.1). Ele é ilimitado tanto no seu poder como na sua presença: não existe nada à parte dele e nada que não esteja sujeito a ele. Na sua simplicidade e eternidade não-originadas, Deus é o contexto imensurável de todo o ser, bem como a sua fonte diferente de todas as criaturas, porém não separado de nenhuma delas.
Com o Filho Irineu associou intimamente o Espírito, argumentando que, se Deus era racional e, portanto tinha o seu Logos, ele também era espiritual e assim tinha o seu Espírito ...o Verbo é denominado Filho, e o Espírito, Sabedoria de Deus. Com este propósito, o apóstolo Paulo diz: "Um só Deus Pai, que está acima de tudo, com tudo e em todos nós Ef. 4,6 (Demonst. 5). Nisto Irineu demonstrou ser um seguidor de Teófilo de Antioquia e não de Justino, identificando o Espírito, não como o Verbo, mas sim como a Sabedoria divina, e assim fortalecendo a sua doutrina. O Espírito é plenamente divino, ainda que em nenhum lugar Irineu o designe expressamente como Deus, pois ele é o Espírito de Deus, continuamente brotando do seu ser (Adv. haer 5; 12.2).
Irineu também é bastante peculiar e criativo no seu ensino acerca do Verbo e da Sabedoria, o Filho e o Espírito, como "as duas mãos de Deus" (Adv. haer 4; 20.1), uma imagem que faz lembrar Jó 10.8a e o Salmo 119.73. Esta é outra maneira pela qual ele acentua a doutrina de um Deus imediatamente presente e ativo. É o próprio Deus Supremo que está empenhado numa atividade criadora neste mundo. O Verbo e o Espírito colaboram na obra de criação e direção (Adv. haer 4; 20.2; Demonst. 5) e também nas atividades de inspiração e revelação. O Verbo revela o Pai (Adv. haer 4; 6.3 e 4; 6.6). Na encarnação o Verbo, até então invisível aos olhos humanos, tornou-se visível e manifestou pela primeira vez aquela imagem de Deus a cuja semelhança o ser humano foi originalmente criado (Adv. haer 5; 16.2). O Espírito atuou nos profetas e nos crentes da Antiguidade; somente ele capacita as pessoas a conhecerem o Filho (Demonst. 6.7). A santificação é inteiramente obra do Espírito Santo.
Tertuliano de Cartago
Tertuliano (155-222) foi proeminente pensador cristão da época, e veemente combatente das heresias (ainda que mais tarde ele mesmo foi considerado um heresiarca) estabeleceu, em seu tratado refutando heresias, intitulado "Contra Praxeas", os fundamentos da doutrina da Trindade (que mais tarde serviu de base para o credo Atanasiano do concílio de Nicéia). Esse Praxeas, um outro estudioso das Escrituras, dizia que Jesus era o próprio Deus Todo-Poderoso, e espalhava seu ensino rapidamente. Ao escrever a carta combatendo a ideia de Praxeas, Tertuliano começa assim: "... Ele diz que o próprio Pai desceu à virgem, Ele mesmo nasceu dela, Ele mesmo sofreu, Ele mesmo era Jesus Cristo". A partir daí, Tertuliano, que se considera instruído pelo Paracleto (o Espírito Santo - quem ele entende que também surgiu do Pai através do Filho), estabelece a sua própria doutrina da unidade com relação à pessoa de Jesus Cristo, do Pai, e do Espírito Santo.
Tertuliano acrescenta em seu documento: "Dessa maneira, um não é todos, porém todos são um pela unidade, isto é, em substância... que distribui a unidade em uma Trindade, pondo em ordem as três pessoas, o Pai, o Filho e Espírito Santo, três, não em condição, mas em grau, não em substância, mas em forma, não em poder, mas em aspecto, todavia de uma única substância, e de uma única condição, de um único poder, assim como Ele é um Deus, de quem três formas e aspectos são percebidos, sob o nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo".
Tertuliano, com o fim de explicar a pré-existência de Jesus, diz que, sendo Jesus da mesma substância do pai, sempre esteve no Pai. Assim como, sendo nós carnais, nossos filhos são desde que nós somos, pois são da mesma essência que nos forma. Este conceito, é possivelmente da concepção de que hebraica de que um que posterior pode ter participado das obras daquele que o antecedeu. As Escrituras afirmam "Levi pagou dízimos na pessoa de Abraão" Hb.7:9. Isto por ser seu descendente. Percebo que esta conjectura é forçosa e não justifica a "igualdade" em existência pretendida por Tertuliano.
Os Novacianismo
Novaciano (200-258) escreveu um livro intitulado “De Trinitate” onde se encontra a doutrina de Tertuliano e mais o reconhecimento de que a geração do Filho e sua consequente distinção do Pai como Pessoa não é fruto da "economia", mas pertence à vida pretemporal da Divindade pois, já que o Pai é sempre Pai, sempre deve ter tido um Filho. Assim, pois, a geração do Filho é desvinculada da Criação.
Segundo Novaciano a única Divindade é o Pai, autor de toda a realidade; mas além dEle, conforme dissemos, a geração do Filho não é vinculada à Criação, mas é pretemporal. O Filho é Deus porque a Divindade lhe foi transmitida pelo Pai, existindo uma comunhão de substâncias entre Eles. Esta doutrina, diz Novaciano, não implica uma dualidade de deuses, porque o Filho, embora uma segunda Pessoa além do Pai não é não gerado ou sem origem; se o fosse, haveria dois deuses, mas como o Verbo é outro além do Pai como Filho, e deve seu ser inteiramente ao Pai, não há divisão da natureza divina.
Novaciano afirma que o Pai necessariamente "precede" o Filho, e que antes que o Filho existisse com o Pai como uma Pessoa, Ele estava imanente "no Pai"; entretanto, esta prioridade não parece ser uma prioridade real, mas de razão, porque Novaciano também insiste que o Pai sempre teve o seu Filho.
Quanto ao Espírito Santo, a doutrina de Novaciano é rudimentar. Ele considera o Espírito Santo como a potência divina que operou nos profetas, nos apóstolos e na Igreja, inspirando-os e santificando-os. Não faz, porém, menção de sua subsistência como Pessoa. ( Novaciano : De Trinitate ).
O Subordinacionismo
Orígenes de Alexandria (c. 185 - 253) Orígenes foi um teólogo e prolixo escritor cristão. Nasceu em Alexandria, Egito, e faleceu, segundos alguns dados em Cesárea, na atual Palestina ou, mais provavelmente, segundo outras fontes, em Tiro. O maior erudito da Igreja antiga - segundo J. Quasten - nasceu de uma família cristã egípcia e teve como mestre Clemente de Alexandria. Assumiu, em 203, a direção da escola catequética em Alexandria - que havia sido fundada por um estóico chamado Panteno que se havia convertido à mensagem de Cristo - atraindo muitos jovens estudantes pelo seu carisma, conhecimento e virtudes pessoais. Depois de ter também freqüentado, desde 205, a escola de Amônio Sacas - fundador do neo-platonismo e mestre de Plotino -, apercebeu-se da necessidade do conhecimento apurado dos grandes filósofos. No decurso de uma viagem à Grécia, no ano de 230, foi ordenado sacerdote na Palestina pelos bispos Alexandre de Jerusalém e Teotisto de Cesárea.
Em 231, Orígenes foi forçado a abandonar Alexandria devido à animosidade que o bispo Demétrio lhe devotava pelo fato de se ter feito eunuco no sentido literal e físico desta palavra. Também, contribui para esse fato o de Orígenes ter levado ao extremo a apropriação da filosofia platônica. Orígenes, então, passou a morar num lugar onde Jesus havia, muitas vezes, estado: Cesárea, na Palestina, onde prosseguiu suas atividades com grande sucesso abrindo a chamada Escola de Cesárea. Na seqüência da onda de perseguição aos cristãos, ordenada por Décio, Orígenes foi preso e torturado, o que lhe causou a morte, por volta de 253.
Orígenes como é comum nos escritores cristãos influenciados pelas doutrinas derivadas de Platão coloca as Idéias platônicas na Mente Divina, na Sabedoria de Deus. O Filho de Deus, Segunda Pessoa da Trindade, é ‘a Sabedoria de Deus substancialmente subsistente’.
“... Deus sempre foi Pai, e sempre teve o Filho unigênito, que, conforme tudo o que expusemos acima, é chamado também de sabedoria... nesta sabedoria que sempre estava com o Pai, estava sempre contida, preordenada sob a forma de idéias, a criação, de modo que não houve momento em que a idéia daquilo que teria sido criado não estivesse na sabedoria...” (Orígenes, Os princípios, livro I, 4, 4-5).
Influenciado pelo Medioplatonismo e do nascente Neoplatonismo Orígenes admite certa “subordinação” do Filho ao Pai, deve-se observar, contudo, que o “subordinacionismo” de Orígenes foi exagerado por seus adversários, que dele tiraram conclusões indevidas. É bom destacar que Orígenes traça essa hierarquia, mas, ao mesmo tempo, ressalta a identidade de natureza, essência entre o Pai e o Filho.
Ao contrário dos homens que se tornaram filhos de Deus pela adoção do Espírito: “Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba! Pai!” (Romanos 8,15). Orígenes afirmou que Cristo é Filho por natureza. O Filho é ‘da mesma natureza’ (homooysion) do Pai.
O que vai configurar o pensamento do Concilio de Nicéia, com a ressalva que Cristo Se fez menor do que o Pai quando Se encarnou até a morte na cruz, quando ressuscita ao terceiro dia e senta à direita do trono de Deus.
O que é fundamental, é bem diferente do neoplatonismo, em Orígenes há entre Deus-Trindade e as outras coisas uma separação ontológica, tanto mais que, na obra sobre “Os princípios”, ele nos fala de criação, das Ideias do Verbo e não de toda a realidade.
Ao afirmar que o Filho era da mesma natureza do Pai, defendia que o Filho era eterno (não criado) e divino, mas ainda assim não era igual ao Pai no seu ser e nos seus atributos — o Filho era inferior ou “subordinado” no seu ser a Deus Pai. Orígenes, advogava uma forma de subordinacionismo ao sustentar que o Filho é inferior ao Pai no seu ser e que deriva eternamente o seu ser do Pai. Orígenes tentava proteger a distinção de pessoas.
O Modalismo
Sabélio bispo de Ptolemaida na Líbia (c. 180-250), Práxeas de Cartago ( c. 190), Noeto bispo de Esmirna (c. 200), Fotino de Esmirna (300-376) e Marcelo bispo de Ancira (capital da Galácia c. 315 - 379) na Asia Menor.
Sabélio foi um teólogo cristão, nascido na Líbia. A sua fama iniciou-se quando foi para Roma, tornando-se líder daqueles que aceitaram a doutrina do modalismo. Para Sabélio: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, não eram três pessoas distintas e sim três manifestações distinta da Divindade. O Deus eterno é Pai na criação e promulgação da lei, é Filho na encarnação e na redenção e, é Espírito Santo na regeneração e consolação dos santos.
Sabélio opôs-se ao ensino ortodoxo da Trindade Essencial, defendendo a doutrina da Triade Econômica. Deus, ele arguiu, teria uma substância indivisível, mas dividido em três atividades fundamentais. Modalismo é o ensinamento de que Deus está acima do tempo e das manifestações de Pai, Filho e Espírito Santo, mas aparece sucessivamente nesses papeis para criar, redimir e santificar.
Marcelo bispo de Ancira declarou que a ideia da divindade existente em três hypostases (substâncias, naturezas) veio de do teólogo gnóstico Valentinus (c. 100-160). Valentinus é citado como ensinar que Deus (o pleroma, plenitude)existe em forma de três pessoas diferentes, chamados: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. “O heresiarca primeiro inventou isso.”
Marcelo, que era opositor ao Arianismo e por isso era louvado. Mas também denunciou a crença em Deus existente em três hypostases como herética. Por isso mais tarde foi condenado por essa posição, ele também atacou seus adversários, associando-os ao gnóstico Valentinus.
Jesus Cristo era o próprio Deus. Ele seria filho ou sujeito a Deus só na encarnação. Ele não é filho na eternidade, pois se fosse dessa maneira, Ele ( Jesus ) teria tido um inicio; teria sido gerado em algum momento na eternidade; logo não seria Ele ( Jesus ) eterno ou divino e muito menos o pai da eternidade como diz o profeta ou, o princípio e o fim como diz o apocalipse.
Como Inácio de Antioquia dissera: "Sede sujeitos ao bispo e uns aos outros, como Jesus Cristo está sujeito ao Pai, segundo a carne, e os Apóstolos a Cristo e ao Pai e ao Espírito". Carta aos Magnésios. 13,2
Portanto, há Um Só Deus e Pai...
Jo 14.9 Respondeu-lhe Jesus: Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Felipe? Quem me ver a mim, ver o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?
Ef 4.6 Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos ( o Pai ), e por todos ( o Filho ) e em todos ( o Espírito ).
Cl 2.2 para que os seus corações sejam animados, estando unidos em amor, e enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus-Cristo,
Tito 2.13 ...a manifestação da Glória do nosso Grande Deus e Salvador Cristo Jesus, ...
II Pedro 1.1 ... Aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo.
Judas 4 ... de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.
I Timóteo 6.15-16 ... Pelo bendito e único Soberano, o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores; ...
Isaias 44.6 ... Eu sou o primeiro e sou o último, além de mim não há Deus.
Apocalipse 22.13 - Eu sou o Alfa e o Omega.
O Adocionismo
Paulo de Samósata (c. 200 - 275), tendo sido bispo de Antioquia entre 260 e 268. Oriundo de Samósata, na Síria.
A acusação básica contra Paulo é a de que ele seria um adocionista, ou seja, em linhas gerais, ele teria afirmado que Jesus Cristo nascera meramente humano e, de alguma forma, teria sido divinizado no correr de seu ministério.
O título Filho de Deus, para Paulo de Samósata, não deveria ser atribuído ao Logos (ou à natureza divina de Cristo) e sim ao homem Jesus de Nazaré. Afirmava que o Cristo-Logos e o Espírito Santo significavam apenas qualidades do único Deus: Jesus-homem obtinha inspiração do alto e, quanto mais homem se tornava, tanto mais recebia o Espírito acabando por identificar-se com o Pai quando da ressurreição. De acordo com o modelo adocionista clássico, o Logos teria feito morada no homem Jesus e, por conta disto, o elevado a uma categoria ainda mais alta que a dos patriarcas e dos profetas, diferenciando-o, de uma forma própria, de todos os outros seres humanos. Sendo assim, Jesus o Cristo.
Visto procederem e florescerem no Oriente, tais doutrinas, receberam particular oposição da Igreja de Roma, que liderou na sua condenação. Assim, em pleno reinado do pagão Aureliano, Paulo de Samósata acabou deposto pelo imperador e substituído por um bispo indicado pela Igreja romana.
O Arianismo
Ário presbítero em Alexandria (256 - 336) se opôs ao bispo Alexandre de Alexandria (250 - 328) acusando-o de expor a ideia de Sabélio o Líbio em uma reunião na qual o assunto foi a definição da divindade eterna; Nessa reunião Ário expôs seu conceito causando uma grande controversia.
O arianismo foi uma visão cristologia sustentada pelos seguidores de Ário nos primeiros tempos da Igreja Cristã, que negava a existência de uma unidade essencial entre Jesus e Deus, que os igualasse, fazendo do Cristo antes um homem do que uma "pessoa divina". Ario fora excomungado por um sínodo de 100 Bispos em 321. Constantino I tudo fez para acabar com esse cisma, convocando o primeiro concílio ecumênico em Nicéia, no ano 325, que condenou o arianismo. Mas acabou depois se deixando seduzir por esses, sob a influência de seu grande amigo Eusébio de Cesaréia. Eusébio, mesmo tendo assinado em 325 o credo do concilio de Nicéia. Só que depois escreveu a sua igreja pedindo desculpas de tê-lo feito. Ainda bem que ele é mais lembrado como o “pai da história da igreja,”do que pelo seu papel na controversa Ariana. A sua história eclesiástica é uma das nossas importantes fontes de informação sobre a igreja.
A principal causa da controvérsia ariana foi a ideia de que o arianismo pregava uma pluralidade de deuses, o que não ocorria. Segundo a definição da palavra, "deus" significa poder e qualquer pessoa que tenha um certo poder é chamada assim na bíblia. Em contraste apenas o Pai é considerado o Deus Todo-Poderoso. Anjos, juízes e outros em autoridade são chamados na bíblia de "deuses", sem serem por isto adorados, atribuição dada pela bíblia apenas ao Pai. O conflito entre Arianismo e a Santíssima Trindade que se tornou dominante desde então foi a primeira dificuldade doutrinal importante na Igreja, após a legalização do cristianismo pelo imperador Constantino I.
Ário pregava que Jesus foi a dado momento criado por Deus Pai e que antes desse momento o Filho não existia, nem o Espírito Santo, mas somente o Pai. Assim, embora o Filho seja um ser celeste anterior ao resto da criação e bem maior do que todo o resto da criação, ele não se iguala ao Pai em todos os seus atributos, pode-se até dizer que é “igual ao Pai” ou “semelhante ao Pai” na sua natureza, mas não se pode dizer que é “da mesma natureza” do Pai. Jo 14.28 Ouvistes que eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se me amásseis, certamente exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do que eu.
I co 15.24 Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força.
25 Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés.
26 Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.
27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas.
28 E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.
Os Acacianos
Acácio foi bispo de Cesaréa de 340-366, ele interveio na disputa decorrente da doutrina teológica Ariana, para tomar uma atitude conciliatória que preconizava um intermediário entre Arianismo e a doutrina ortodoxa.
Assim ele declarava: Cremos em um único Deus, o único e verdadeiro Deus, Pai todopoderoso, criador e artífice de todas as coisas; e em um unigênito Filho de Deus, o qual, antes de todas as épocas, antes de todo o começo, antes de todo o tempo concebível e antes de qualquer ser inteligível, foi gerado por Deus de modo impassível; por meio do qual as épocas foram ordenadas e todas as coisas vieram a ser; gerado como unigênito, único do único Pai, Deus de Deus, semelhante ao Pai que o gerou, conforme as escrituras.
Agostinho de Hipona
Agostinho (354-430) Concebe a unidade divina não como vazia e inerte, mas como plena viva e guardando dentro de si a multiplicidade. Deus compreende em três pessoas iguais e consubstanciais: Pai, Filho e Espírito Santo. O Pai é a essência divina em sua insondável profundidade; o Filho é o verbo, a razão ou a verdade, através da qual Deus se manifesta; o Espírito Santo é o amor, mediante o qual Deus dá nascimento a todos os seres. O Pai não é maior que o Filho, nem o Pai e o Filho juntos são maiores que o Espírito Santo; ...nem é a essência divina em três pessoas que em duas, nem em duas que em uma consequentemente, o Pai está no Filho e o Filho no Pai e o Espírito Santo em ambos. As três pessoas são uma substancia (homooysion), uma essência, uma natureza, uma imensidade, uma divindade.
E Agostinho fala: “Quem compreende a trindade onipotente? E quem não fala dela ainda que a não compreenda? É rara a pessoa que ao falar da Santíssima trindade saiba o que diz. Contendem e disputam. E, contudo ninguém contempla essa visão sem paz interior. Quisera que os homens meditassem três coisas, dentro de si mesmo. Todas estão muito afastadas da Augusta trindade, mas apresento-lhes assunto onde se exercitem, experimente e sinta quão longe estão de compreender esse mistério.
As três coisas que digo são: existir, conhecer e querer. Existo, conheço e quero. Existo sabendo e querendo; e sei que existo e quero; e quero existir e saber. Repare quem puder como a vida é inseparável nesses três conceitos: uma só vida, uma só inteligência, uma só essência, sem que seja possível operar uma distinção, que apesar de tudo existe.
Cada um está diante de si mesmo. Estude-se, veja e responda-me. Mas se refletir nesta matéria e me responde o que tiver descoberto, não julgue que chegou a conhecer o que é incomutável [ livro XIII c. 11 Confissões ].
"O Espírito Santo não é Espírito de um deles, mas de ambos". Desta maneira, em relação ao Espírito Santo o Pai e o Filho formam um único princípio, o que é inevitável, pois a relação de ambos para com o Espírito Santo é idêntica e onde não há diferença de relação sua operação é inseparável.
Segundo Agostinho, a distinção das Pessoas se fundamenta nas suas relações mútuas com a Divindade. Embora consideradas enquanto substância divina, as Pessoas sejam idênticas, o Pai se distingue enquanto Pai por gerar o Filho, e o Filho se distingue enquanto Filho por ser gerado. O Espírito Santo, semelhantemente, distingue-se do Pai e do Filho enquanto "dom comum" de ambos. Agostinho fica descontente com o termo Pessoas. Provavelmente a expressão lhe trazia a conotação de indivíduos separados.
...Porque Pai, e Filho e Espírito Santo unidos em uma mesma substância, inseparável igualdade da unidade divina e, portanto, não são três deuses, mas sendo único Deus, contudo o Pai gerou o Filho, e o Filho não é o mesmo que o Pai é, o Filho é gerado do Pai, e o Pai não é o Filho, o Espírito Santo não é nem o Pai nem o Filho, sendo o Espírito do Pai e do Filho, também igual ao Pai e ao Filho e pertence à unidade da Trindade. [De Trinitate Livro 1. Cap.4(7)]
O Nestórianismo
Nestório (380 - 451) foi um bispo que se tornou patriarca de Constantinopla em 428. Foi condenado como herege no Concílio de Éfeso (431) por defender que Maria não era mãe de Deus. Acreditava que em Cristo há duas naturezas distintas, cada qual com a sua natureza, unidas entre si, por um vínculo afetivo ou moral. Afirmava que o Logos - a segunda pessoa da trindade - habitava na humanidade de Jesus como um homem se acha num templo ou numa veste; Como consequência, Maria não seria “Mãe de Deus” (Theotókos), mas “Mãe de Cristo” (Christotókos). A divindade eterna para Nestório era: O Pai, o Filho que habitava no homem Jesus e o Espírito Santo de Deus.
Nestório também era contra o culto de imagens, admitia apenas, a representação da cruz e de Cristo condenava a confissão de pecados a homens. Foi um escritor fecundo, mas quase todos os seus sermões foram queimados por ordem do imperador Teodósio II. O Nestorianismo, porém, não se extinguiu. Os seus adeptos, expulsos do Império Bizantino, foram procurar refúgio na Pérsia, onde fundaram sua Igreja.
Um grande abraço na paz do Senhor Jesus!
Aldrain Lima