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João Calvino

João Calvino

Os Presbiterianos

 

 João Calvino (1509-1564) fundou uma forma de       Protestantismo cristão, durante a Reforma Protestante. Esta variante do protestantismo seria bem sucedida em países como a Suíça (país de origem), Países  Baixos, África do Sul, Inglaterra, Escócia e EUA.  Nasceu em Noyon, Picardia, França, com o nome de Jean Cauvin. A transposição do nome "Cauvin" para o Latim (Calvinus) deu a origem ao nome "Calvino" pelo qual ele é conhecido.

É autor de vários livros, e também comentários e sermões. A obra mais conhecida dele é: institutas da religião cristã.

A partir da Suíça, o calvinismo difundiu-se na França, no vale do Reno (da Alemanha até a Holanda), na Europa Oriental (Boêmia, Polônia, Hungria), e nas Ilhas Britânicas (Escócia, Inglaterra e Irlanda).

A Academia de Genebra, fundada em 1559, foi muito importante para a difusão inicial do movimento (conhecido como reformado) em toda a Europa. Ela preparou centenas de líderes que voltaram a seus países de origem, especialmente a França, e difundiram as novas ideias.

As perseguições religiosas, particularmente na França, Itália e Países Baixos, também contribuíram para que a fé reformada fosse levada para outras partes da Europa.

O conhecimento de Deus não pode ligar o homem a Ele assim como ver o sol não pode levar-lo ao céu. A não ser que a palavra de Deus ilumine o caminho, toda vida dos homens estará envoltas em trevas e nevoeiro, de forma que elas inevitavelmente irão perder-se”      ( João Calvino ).

           Calvino, sentiu que a morte se aproximava. Porém esforçando-se de todas as formas possíveis com energia juvenil. Quando se viu a ponto de ir ao repouso, redigiu seu testamento, dizendo:" Dou testemunho de que vivo e me proponho morrer nesta fé que Deus me deu por meio de Seu Evangelho, e que não dependo de nada mais para a salvação que a livre eleição que Ele tem feito de mim. de todo coração abraço Sua misericórdia, por meio da qual todos meus pecados foram encobertos, por causa de Cristo, e por causa de Sua morte e padecimentos. Segundo a medida da graça que me foi dada, tenho ensinado esta Palavra pura e simples mediante sermões, ações e exposições desta Escritura. em todas minhas batalhas com os inimigos da verdade não utilizei sofismas, senão que lutei o bom combate de maneira frontal e direta".

Lamentavelmente Calvino Foi infeliz dando seu voto de apoio, sendo conivente na morte do teólogo, médico, filósofo e antetrinitariano Miguel Serveto.

“A 25 de outubro de 1553 o Conselho municipal emitiu o decreto que condenava Miguel Serveto à ser queimado na estaca por heresia. De fato, foi Calvino quem o denunciou e quem pediu a pena de morte para ele.

 O movimento reformado experimentou enorme crescimento na década de 1550, apesar de intensas perseguições. Em 1559 reuniu-se o primeiro sínodo da Igreja Reformada da França, representando cerca de duas mil igrejas locais, que aprovou a Confissão Galicana. Pela primeira vez, o presbiterianismo foi organizado em âmbito nacional. Muitos dos reformados franceses, os huguenotes, eram artesãos, comerciantes e nobres, concentrando-se especialmente no oeste e sudoeste do país.

 

 

Seus conflitos com o partido católico liderado pela família Guise-Lorraine levaram a um longo período de guerras religiosas (1562-1598), cujo episódio foi o massacre do Dia de São Bartolomeu (24-08-1572) foi um episódio sangrento na repressão dos protestantes na França pelos reis franceses, católicos. As matanças, organizadas pela casa real francesa, começaram em 24 de Agosto de 1572 e duraram vários meses, inicialmente em Paris e depois em outras cidades francesas, vitimando entre 70.000 e 100.000 protestantes franceses (chamados huguenotes). Nas primeiras horas da madrugada de 24 de Agosto, o dia de São Bartolomeu, dezenas de líderes huguenotes foram assassinados em Paris, numa série coordenada de ataques planejados pela família real.

Este fora o sinal inicial para um massacre mais vasto. Começando em 24 de Agosto e durando até Outubro, houve uma onda organizada de assassínios de huguenotes em cidades como Toulouse, Bordéus, Lyon, Bourges, Rouen, e Orléans.

Oficialmente, a partir de então, não havia protestantes na França. Mas, o fato é que muitos dos supostamente convertidos seguiam sustentando suas crenças e buscavam um modo de continuar reunindo-se para celebrar o culto protestante. Para muitos deles, tais reuniões se faziam necessárias, a falta de templos, os bosques e os campos tornaram-se lugares de adoração. De noite, às escondidas, por todas as partes do país, congregavam-se dezenas e até centenas de pessoas para escutarem a Palavra. O zelo com que se guardava o segredo de tais reuniões era admirável, pois raramente os agentes do governo descobriam o lugar e a hora marcados. Mas, quando conseguiam surpreender um culto, todos os presentes eram agarrados e enviavam-se os homens para remarem nas galeras e as mulheres à prisão pelo resto de seus dias. Os pastores recebiam sentença de morte, e seus filhos eram arrebatados do seio de suas famílias para serem educados como católicos. Mas, apesar disso, o movimento continuava e, repetidamente, chegavam notícias disso aos ouvidos dos agentes reais, cujo redobrado zelo não conseguiu afogar os "cristãos do deserto", como passaram a ser chamados.

Relatos dão conta de cadáveres nos rios durante meses, de modo que ninguém comia peixe. Não foi o primeiro nem o último ataque massivo aos protestantes franceses.

         A paz só foi restaurada em 1598, quando o rei Henrique IV,  promulgou o Edito de Nantes, concedendo liberdade religiosa aos reformados. Esse edito foi revogado em 1685, fazendo com que 300 mil huguenotes abandonassem a França. Os remanescentes formaram o que ficou conhecido como "a igreja no deserto."

 

                                    Ilustres presbiterianos

 

Alemanha. Desde cedo o movimento reformado penetrou no sul do país, procedente da vizinha Suíça. O movimento cresceu com a chegada de milhares de refugiados vindos de outras regiões (França, Países Baixos). Estrasburgo foi um importante centro reformado entre 1521 e 1549, tendo como grande líder o reformador Martin Bucer (1491-1551) .                                                                                                                    

Calvino ali esteve por três anos (1538-41). Em Heidelberg, o príncipe Frederico III criou uma grande universidade que se tornou o centro do pensamento reformado na Alemanha. Nessa cidade foi escrito o importante Catecismo de Heidelberg (1563). A Guerra dos Trinta Anos (1618-48) resultou no reconhecimento final das igrejas reformadas alemãs, que receberam o influxo de sessenta mil refugiados huguenotes após a revogação do Edito de Nantes.

         Inicialmente, o calvinismo surgiu no sul dos Países Baixos (Antuérpia, 1555). Em dez anos, formaram-se mais de trezentas igrejas, em parte devido à chegada de imigrantes huguenotes que fugiam das guerras religiosas em seu país. Essas igrejas adotaram como sua declaração de fé a Confissão Belga, escrita em 1561. O calvinismo foi implantado na Holanda no contexto da guerra de independência contra a Espanha, iniciada em 1566 sob a liderança de Guilherme de Orange. Como resultado do conflito, os Países Baixos dividiram-se em Bélgica e Luxemburgo e Holanda. O primeiro sínodo nacional das igrejas reformadas holandesas reuniu-se em 1571 na cidade de Emden, na Alemanha, e adotou um sistema presbiterial de governo baseado no modelo francês.

Eventualmente, a igreja reformada tornou-se oficial, embora nem toda a população tenha aderido ao movimento. No início do século XVII, uma disputa teológica resultou no Sínodo de Dort (1618-19), que rejeitou as idéias de Jacó Armínio acerca da predestinação e afirmou os chamados cinco pontos do calvinismo (depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e perseverança dos santos).

         Europa Oriental: na década de 1540, graças a contatos com cidades suíças, surgiram igrejas reformadas na Polônia e Boêmia (antiga Checoslováquia) e mais tarde também na Hungria. Na Boêmia, o movimento reformado associou-se aos Irmãos Boêmios, os sucessores do antigo movimento liderado pelo pré-reformador John Huss, morto em 1415. Na Polônia e na Lituânia, as igrejas calvinistas experimentaram grande crescimento, mas eventualmente foram suprimidas pela Contra-Reforma. A fé reformada foi introduzida na Hungria em 1549, através de contatos com Zurique, mas as igrejas sofreram perseguições de 1677 a 1781. Em 1970, a igreja reformada húngara tinha cerca de um milhão e meio de membros. Também existe uma grande comunidade reformada na Romênia (700 mil membros em 1963).

O protestantismo reformado foi levado para a Escócia por George Wishart , que estudara na Suíça e foi morto na fogueira em 1546. As primeiras igrejas reformadas surgiram no final da década seguinte.

Wishart pregador fervoroso das sagradas escrituras, como afirma John Howie em  Scots Wortbies p. 27-38.

“ As palestras de George Wishart sobre o livro de Romanos eram tão bem freqüentadas em Dundee, que David Beaton cardeal e arcebispo de St. Andrews, usou sua influencia para conseguir que o juiz da localidade proibisse Wishart de pregar naquela cidade novamente... Então falou Wishart para todos os presentes: “Deus é testemunha de que jamais desejei trazer-vos  problemas, antes confortos; ... Mas tenho certeza, rejeitar a palavra de Deus e expulsar seus mensageiros não é maneira de se livra de problemas, mas antes atraí-los... Quando eu for... Se tudo vos correr bem por um tempo, não sou guiado pelo Espírito da verdade; Mas, se vos sobrevier tribulações inesperadas, lembrai-vos de que esta é a causa, ... Quatro dias depois que Wishart deixou Dundee, uma grande epidemia assolou aquele lugar...”

John Knox (c.1514-1572) Passou alguns anos em Genebra como refugiado, por causa das perseguições sofridas, estudou aos pés de Calvino e retornou ao seu país em 1559. No ano seguinte, o Parlamento aboliu o catolicismo e adotou a fé reformada (Confissão Escocesa).

Konx na realidade foi  como é afirmado por muitos autores um profeta de Deus na Escócia. Um das profecias de John Knox é citada por vários biógrafos, entre eles está:  Jasper Ridley em John Knox  p. 517-519.

“ Knox pediu aos seus amigos - quando no leito de  morte -David Lindsay e James Lawson que procurassem o Lord de Grange, William Kirkaldy, a quem Knox amava profundamente. Kirkaldy temtava defender do exercito inglês o castelo de Edimburgo para a rainha da Escócia.’   John Knox disse: “ ...dizei-lhe por mim, em nome de Deus, que deixe o caminho mau em que se envolveu, nem aquela rocha (o castelo de Edimburgo ), nem a sabedoria carnal daquele homem a quem ele considera um semideus [ Guilerme Maitland de Lethington, antigo secretário de estado de Maria da Escócia ] lhe serão de ajuda ; mas serás arrancado daquele ninho e jogado por sobre os muros de forma vergonhosa, sendo seu corpo pendurado voltado para o sol: disso Deus me assegurou.”

David Lindsai e James Lawson entregaram a mensagem, mas William Kirkaldy escolheu desconsiderar a advertência de Knox.

No dia 29 de Maio de 1573, Kiekaldy foi forçado a entregar o castelo, o portão do castelo estava interditado em razão do bombardeio inglês. Tal qual Knox havia profetizado, Kirkaldy teve de ser baixado pelo muro de forma vergonhosa, amarrado a uma corda , na tarde ensolarada de 3 de agosto de 1573. Kirkalde foi enforcado em Market Cross de Edimburgo... Antes de morrer, seu corpo girou para o lado Oeste, de modo que ficou voltado para o sol , como John Knox houvera profetizado. 

“ Assim como Ele é imutável, também são sua palavra e promessa, as quais eu creio, me apego e sou fiel, independentemente do que possa vir externamente ao corpo.” (John Knox)

 

 Andrew Melville (1545-1622), outro ex-exilado em Genebra, tornou-se o principal defensor do sistema presbiteriano e de uma igreja autônoma do estado. Os próximos quatro reis, especialmente Carlos II (1660-85), procuraram impor o anglicanismo e perseguiram os presbiterianos. Estes fizeram um pacto nacional para defender a sua fé e ficaram conhecidos como "covenanters" (pactuantes). Somente em 1689 o presbiterianismo foi estabelecido definitivamente, embora algumas modificações feitas pelo Parlamento, como a Lei do Patronato Leigo (1717), tenham produzido várias divisões na igreja. Em 1970, a Igreja da Escócia tinha cerca de 1 milhão e 155 mil membros comungantes.

         Inglaterra: desde o reinado de Eduardo VI (1547-1553) surgiram fortes influências reformadas neste país. Martin Bucer, o reformador de Estrasburgo, passou seus últimos anos na Inglaterra. Calvino correspondeu-se com o rei Eduardo, com Somerset, o lorde protetor, e com Thomas Cranmer, o arcebispo de Cantuária. O Livro de Oração Comum e os Trinta e Nove Artigos revelam clara influência reformada. Durante o reinado de Maria Tudor (1553-58), a Sanguinária, muitos protestantes ingleses refugiaram-se em Zurique e Genebra. Porém, a rainha Elizabete I (1558-1603) não apreciava os aspectos populares da forma presbiteriana de governo, preferindo uma estrutura episcopal que deixava o controle último da igreja nas mãos das autoridades civis. No seu reinado, surgiram os puritanos, alguns dos quais sustentavam princípios presbiterianos. Os reis Tiago I e Carlos I (1625-1649), que governavam a Inglaterra e a Escócia, continuaram a opor-se aos puritanos. Carlos fez guerra contra os escoceses presbiterianos e viu-se em dificuldades. Para isso, precisou convocar a eleição de um parlamento, que teve uma maioria puritana. Dissolvido o parlamento, houve nova eleição que resultou numa maioria puritana ainda maior. A conseqüência foi a guerra civil, que terminaria com a execução do rei.

         Esse parlamento puritano convocou a Assembléia de Westminster (1643-49), que produziu os "padrões presbiterianos" de culto, forma de governo e doutrina (Confissão de Fé e Catecismos). Quando tais padrões foram aprovados pelo parlamento, a Igreja da Inglaterra deixou de ser episcopal e tornou-se presbiteriana.

Porém, depois que Carlos II tornou-se rei em 1660, houve a restauração do episcopado e seguiram-se vários anos de repressão contra os presbiterianos. A Igreja Presbiteriana da Inglaterra, criada em 1876, tinha 60 mil membros comungantes em 1970.

Irlanda: a tradição reformada teve início na Irlanda com a "Colônia de Ulster," a partir de 1606. O governo inglês, no esforço de "domesticar" os irlandeses, plantou comunidades inglesas e irlandesas nas regiões devastadas pela guerra ao norte da ilha. Aos imigrantes escoceses, que levaram consigo o seu presbiterianismo, uniram-se puritanos ingleses e huguenotes franceses. Houve uma rígida separação étnica entre os novos moradores e os irlandeses católicos do sul, e grande violência destes contra os presbiterianos. Graças aos capelães de um exército pacificador, um presbitério foi fundado no Ulster em 1642 e em 1660 já havia cinco deles. Os colonos alcançaram prosperidade na nova terra, mas também se viram sujeitos a restrições políticas, econômicas e religiosas impostas pelo governo inglês, além de calamidades naturais como a seca. Com isso, a partir de 1715, os "escoceses-irlandeses" começaram a sua grande migração para os Estados Unidos. Até 1775, pelo menos 250 mil cruzaram o Atlântico. Em 1970, a Igreja Presbiteriana da Irlanda tinha cerca de 140 mil membros comungantes.

                     

   Um texto de confissão reformada

                                 Os Cânones de Dort (1618-1619)

 CAPÍTULO 1

A DIVINA ELEIÇÃO E REPROVAÇÃO

1. Todos os homens pecaram em Adão, estão debaixo da maldição de Deus e são condenados à morte eterna. Por isso Deus não teria feito injustiça a ninguém se Ele tivesse resolvido deixar toda a raça humana no pecado e sob a maldição e condená-la por causa do seu pecado, de acordo com estas palavras do apóstolo: "... para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus... pois todos pecaram e carecem da glória de Deus...", e:"...o salário do pecado é a morte..." (Rom. 3:19,23; 6:23).

2. Mas "Nisto se manifestou o amor de Deus em nós, em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo...", "...para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (I Jo 4:9; Jo 3:16).

3. Para que os homens sejam conduzidos à fé, Deus envia, em sua misericórdia, mensageiros desta mensagem muito alegre a quem e quando Ele quer. Pelo ministério deles, os homens são chamados ao arrependimento e à fé no Cristo crucificado. Porque "...como crerão naquele de quem nada ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados?..." (Rom. 10:14, 15).

4. A ira de Deus permanece sobre aqueles que não crêem neste Evangelho. Mas aqueles que o aceitam e abraçam Jesus, o Salvador, com uma fé verdadeira e viva, são redimidos por Ele da ira de Deus e da perdição, e presenteados com a vida eterna (Jo 3:36; Mc 16:16).

5. Em Deus não está, de forma alguma, a causa ou culpa desta incredulidade. O homem tem a culpa dela, tal como de todos os demais pecados. Mas a fé em Jesus Cristo e também a salvação por meio dEle são dons gratuitos de Deus, como está escrito: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus..." (Ef 2:8). Semelhantemente, "Porque vos foi concedida a graça de..." crer em Cristo (Fp 1:29).

6. Deus dá nesta vida a fé a alguns enquanto não dá a fé a outros. Isto procede do eterno decreto de Deus. Porque as Escrituras dizem que Ele "...faz estas cousas conhecidas desde séculos." e que Ele "faz todas as cousas conforme o conselho da sua vontade..." (Atos 15:18; Ef 1:11). De acordo com este decreto, Ele graciosamente quebranta os corações dos eleitos, por duros que sejam, e os inclina a crer. Pelo mesmo decreto, entretanto, segundo seu justo juízo, Ele deixa os não-eleitos em sua própria maldade e dureza. E aqui especialmente nos é manifesta a profunda, misericordiosa e ao mesmo tempo justa distinção entre os homens que estão na mesma condição de perdição. Este é o decreto da eleição e reprovação revelado na Palavra de Deus. Ainda que os homens perversos, impuros e instáveis o deturpem, para sua própria perdição, ele dá um inexprimível conforto para as pessoas santas e tementes a Deus.

7. Esta eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual Ele, antes da fundação do mundo, escolheu um número grande e definido de pessoas para a salvação, por graça pura. Estas são escolhidas de acordo com o soberano bom propósito de sua vontade, dentre todo o gênero humano, decaído pela sua própria culpa de sua integridade original para o pecado e a perdição. Os eleitos não são melhores ou mais dignos que os outros, porém envolvidos na mesma miséria dos demais. São escolhidos em Cristo, quem Deus constituiu, desde a eternidade, como Mediador e Cabeça de todos os eleitos e fundamento da salvação. E, para salvá-los por Cristo, Deus decidiu dá-los a Ele e efetivamente chamá-los e atraí-los à sua comunhão por meio da sua Palavra e seu Espírito. Em outras palavras, Ele decidiu dar-lhes verdadeira fé em Cristo, justificá-los, santificá-los, e depois, tendo-os guardado poderosamente na comunhão de seu Filho, glorificá-los finalmente. Deus fez isto para a demonstração de sua misericórdia e para o louvor da riqueza de sua gloriosa graça. Como está escrito: "... assim como nos escolheu nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito [bom propósito] de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado...". E em outro lugar: "E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou" (Ef 1:4-6; Rom 8:30).

8. Esta eleição não é múltipla, mas ela é uma e a mesma de todos os que são salvos tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento. Pois a Escritura nos prega o único bom propósito e conselho da vontade de Deus, pelo qual Ele nos escolheu desde a eternidade, tanto para a graça como para a glória, assim também para a salvação e para o caminho da salvação, o qual preparou para que andássemos nEle (Ef 1:4,5; 2:10).

9. Esta eleição não é baseada em fé prevista, em obediência de fé, santidade ou qualquer boa qualidade ou disposição, que seria uma causa ou condição previamente requerida ao homem para ser escolhido. Mas a eleição é para fé, obediência de fé, santidade, etc. Eleição, portanto, é a fonte de todos os bens da salvação, de onde procedem a fé, a santidade e os outros dons da salvação, e finalmente a própria vida eterna como seus frutos. É conforme o testemunho do apóstolo: Ele "...nos escolheu..." (não por sermos mas) "...para sermos santos e irrepreensíveis perante ele..." (Ef 1:4).

10. A causa desta eleição graciosa é somente o bom propósito de Deus. Este bom propósito não consiste no fato de que, dentre todas as condições possíveis Deus tenha escolhido certas qualidades ou ações dos homens como condição para salvação. Mas este bom propósito consiste no fato de que Deus adotou certas pessoas dentre da multidão inteira de pecadores para ser a sua propriedade. Como está escrito: "E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal...já lhe fora dito a ela (Rebeca): O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito, "Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú." E, "...creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna." (Rom 9:11-13; At 13:48).

11. Como Deus é supremamente sábio, imutável, onisciente, e Todo-Poderoso, assim sua eleição não pode ser cancelada e depois renovada, nem alterada, revogada ou anulada; nem mesmo podem os eleitos ser rejeitados, ou o número deles ser diminuído.

12. Os eleitos recebem, no devido tempo, a certeza da sua eterna e imutável eleição para salvação, ainda que em vários graus e em medidas desiguais. Eles não a recebem quando curiosamente investigam os mistérios e profundezas de Deus. Mas eles a recebem, quando observam em si mesmos, com alegria espiritual e gozo santo, os infalíveis frutos de eleição indicados na Palavra de Deus - tais como uma fé verdadeira em Cristo, um temor filial para com Deus, tristeza com seus pecados segundo a vontade de Deus, e fome e sede de justiça.

13. A consciência e a certeza desta eleição fornecem diariamente aos filhos de Deus maior motivo para se humilhar perante Deus, para adorar a profundidade de sua misericórdia, para se purificar, e para amar ardentemente Aquele que primeiro tanto os amou. Contudo absolutamente não é verdade que esta doutrina da eleição e a reflexão na mesma os façam relaxar na observação dos mandamentos de Deus ou rendam segurança falsa. No justo julgamento de Deus isto ocorre freqüentemente àqueles que se vangloriam levianamente da graça da eleição, ou facilmente falam acerca disto, mas recusam andar nos caminhos dos eleitos.

14. A doutrina da divina eleição, segundo o mui sábio conselho de Deus, foi pregada pelos profetas, por Cristo mesmo, e pelos apóstolos, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, e depois escrita e nos entregue nas Escrituras Sagradas. Por isso, também hoje esta doutrina deve ser ensinada no seu devido tempo e lugar na Igreja de Deus, para qual ela foi particularmente destinada. Ela deve ser ensinada com espírito de discrição, de modo reverente e santo, sem curiosa investigação dos caminhos do Altíssimo, para a glória do santo nome de Deus e consolação vivificante do seu povo.

15. A Escritura Sagrada mostra e recomenda a nós esta graça eterna e imerecida sobre nossa eleição, especialmente quando, além disso, testifica que nem todos os homens são eleitos, mas que alguns não o são, ou seja, são passados na eleição eterna de Deus. De acordo com seu soberano, justo, irrepreensível e imutável bom propósito, Deus decidiu deixá-los na miséria comum em que se lançaram por sua própria culpa, não lhes concedendo a fé salvadora e a graça de conversão. Para mostrar sua justiça, decidiu deixá-los em seus próprios caminhos e debaixo do seu justo julgamento, e finalmente condená-los e puni-los eternamente, não apenas por causa de sua incredulidade, mas também por todos os seus pecados, para mostrar sua justiça. Este é o decreto da reprovação qual não torna Deus o autor do pecado (tal pensamento é blasfêmia!), mas O declara o temível, irrepreensível e justo Juiz e Vingador do pecado.

16. Há pessoas que não sentem fortemente a fé viva em Cristo, nem confiança firme no coração, nem boa consciência, nem zelo pela obediência filial e pela glorificação de Deus por meio de Cristo. Apesar disso elas usam os meios pelos quais Deus prometeu operar tais coisas em nós. Elas não devem se desanimar quando a reprovação for mencionada nem contar a si mesmos entre os reprovados. Pelo contrário, devem continuar diligentemente no uso destes meios, desejando ferventemente dias de graça mais abundante e esperando-os com reverência e humildade. Não devem se assustar de maneira nenhuma com a doutrina da reprovação os que desejam seriamente se converter a Deus, agradar só a Ele e serem libertos do corpo de morte, mas ainda não podem chegar no ponto que gostariam no caminho da piedade e da fé. O Deus misericordioso prometeu não apagar a torcida que fumega, nem esmagar a cana quebrada. Mas esta doutrina é certamente assustadora para os que não contam com Deus e o Salvador Jesus Cristo e se entregaram completamente às preocupações do mundo e aos desejos da carne, enquanto não se converterem seria mente a Deus.

17. Devemos julgar a respeito da vontade de Deus com base na sua Palavra. Ela testifica que os filhos de crentes são santos, não por natureza mas em virtude da aliança da graça, na qual estão incluídos com seus pais. Por isso os pais que temem a Deus não devem ter dúvida da eleição e salvação de seus filhos, que Deus chama desta vida ainda na infância.

18. Aqueles que reclamam contra esta graça de eleição imerecida e a severidade da justa reprovação, nós replicamos com esta sentença do apóstolo: "Quem és tu, ó homem para discutires com Deus?!" (Rom 9:20). E com esta palavra do Salvador: "Porventura não me é lícito fazer o que quero do que é meu?" (Mt 20:15). Nós entretanto, adorando reverentemente estes mistérios, exclamamos com o apóstolo: "O profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos! Quem, pois conheceu a mente do Senhor? ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro lhe deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele e por meio dele e para ele são todas as cousas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém." (Rom 11:33-36).

                   Documentos de confissão reformada

1537 – catecismo e confissão de fé de Genebra

1557 – confissão de fé da Guanabara

1559 – confissão Galicana

1560 – confissão Escocesa

1561 – confissão Belga

1563 – catecismo de Heidelberg

1566 – 2º confissão Helvética

1571 – 39 artigo da igreja Anglicana ( 1562 – 42 artigos )

1619 – cânones de Dort

1647 – confissão de fé + catecismo de Westminster ( maior e menor )


Um grande abraço na paz do Senhor Jesus!

Aldrain Lima