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Os Iconaclastas

Os Iconaclastas

                                                                        Os Iconoclastas

 

Consiste em um grande movimento que se desenvolveu nos territórios do Império Bizantino, após os sermões de Serantapico de Laodicéia (cerca de 720). Os iconoclastas se remetiam às Sagradas Escrituras e, em particular, ao segundo dos dez mandamentos: "Não farás para ti ídolos nem figura alguma do que existe em cima, nos céus, nem embaixo, na Terra, nem do que existe nas águas, debaixo da terra..." Os imperadores de Constantinopla, de imediato, apoiaram o movimento.  

No cristianismo sempre existiram posições "puritanas”, que condenavam os ícones porque existia nas imagens uma latente idolatria. Quando os imperadores isaurianos decidiram destruir as imagens, eles tinham argumentos fortíssimos na história da igreja: alguns exemplos típicos dessas posições puritanas são as que segue:

Epifânio bispo de Salamis antiga Constância (c.315-403), que ao encontrar numa igreja do interior da Palestina uma cortina de pano com uma figura que diziam ser Cristo, ele rasgou-a com muita indignação.

Epifânio afirma: “Eu encontrei um véu suspenso nas portas desta mesma igreja, o qual estava colorido e pintado, ele tinha uma imagem, a imagem de Cristo pode ser ou de algum santo; eu não recordo mais quem ela representava. Eu pois tendo visto este sacrilégio; que numa igreja de Cristo, contra a autoridade das Escrituras, a imagem de um homem estava suspensa, destruiu aquele véu” (Jerome, Lettres, Paris 1951, pag. 171).

E ele era também contra o culto a Maria, com efeito ao confrontar a seita das Coliridianas que tinha começado a oferecer um culto a Maria, ele escreveu: “Não se deve honrar os santos além do seu mérito, que Deus é aquele a quem devemos servir. A virgem não foi proposta à nossa adoração, porque ela própria adorou aquele que segundo a carne nasceu dela. Ninguém, pois adore Maria. Só a Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, pertencem este mistério, e não a qualquer homem ou mulher. Por conseguinte, cessem certas mulheres néscias de perturbar a Igreja, deixem de dizer: Nós honramos a rainha do céu, é por isso que com estes discursos e com o oferecer-lhe os seus bolos, cumprem o que foi dantes anunciado: Alguns apostatarão da fé, dando-se a espíritos sedutores e às doutrinas dos demônios. Não, este erro do povo antigo não prevalecerá sobre nós, para nos fazer afastar do Deus vivo e adorar as criaturas” (Epifânio. liv. III, Coment. II, tom. 2, Haeres 79)

Eusébio bispo de  Cesárea (265-339)  historiador cristão.

 Numa carta a Constância, irmã do imperador Constantino, o Grande, que lhe pedia que achasse a verdadeira imagem de Cristo e lha enviasse para devoção particular analisada  numa importante obra de Christoph Schönborn, Eusébio, bispo de Cesárea responde:

“Mas de que imagem de Cristo falas tu?” Para Eusébio, não era possível representar Cristo em ícone, pois, depois de sua morte, seu corpo glorioso já não tinha qualquer analogia com o corpo mortal. Porque se Cristo reinava em glória, só deveria ser contemplado na mente.[ Torres Queiruga, A. “Risurrezione e liturgia delle esequie...”, cit., p. 130 ]
 

Eusébio também se opôs a um pedido do próprio Constantino de ter uma imagem de Cristo, disse Eusébio:

 “Ser impossível representar com cores mortas e sem vida este Jesus que já na terra era irradiação da glória divina.” [www.ecclesia.com.br – citando Mons. Urbano Zilles Revista Teocomunicação Vol. 27 / Dez/1997 Porto Alegre ]

Eusébio também escreveu:

1. Mas já que fizemos menção a esta cidade, creio que não é justo passar por alto um relato digno de memória inclusive para nossos descendentes. De fato, a hemorrágica, que pelos Evangelhos sabemos que encontrou a cura de seu mal por obra de nosso Salvador, diz-se que era originária desta cidade e que nela se encontra sua casa, e que ainda subsistem monumentos admiráveis da boa obra nela realizada pelo Salvador:

2. Efetivamente, sobre uma pedra alta, diante das portas de sua casa, alça-se uma estátua de mulher, em bronze, com um joelho dobrado e com as mãos estendidas para frente como uma suplicante; e em frente a esta, outra do mesmo material, efígie de um homem em pé, belamente vestido com um manto e estendendo sua mão para a mulher; a seus pés, sobre a mesma pedra, brota uma estranha espécie de planta, que sobe até a orla do manto de bronze e que é um antídoto contra todo tipo de enfermidades.

3. Dizem que esta estátua reproduzia a imagem de Jesus. Conservava-se até nossos dias, como comprovamos nós mesmos de passagem por aquela cidade.

4. E não é estranho que tenham feito isto os pagãos de outro tempo que receberam algum benefício de nosso Salvador, quando perguntamos por que se conservam pintadas em quadros as imagens de seus apóstolos Paulo e Pedro, e inclusive do próprio Cristo, coisa natural, pois os antigos tinham por costume honrá-los deste modo, simplesmente, como salvadores, segundo o uso pagão vigente entre eles.

 [Do trono de Tiago]

1.   O trono de Tiago, primeiro que recebeu do Salvador e dos apóstolos o episcopado da igreja de Jerusalém e ao quais os livros divinos chamam inclusive de irmão de Cristo, foi preservado até hoje. Os irmãos do lugar vêm rodeando-o de cuidados por sucessivas gerações e claramente mostram a todos que veneração têm os antigos e continuam tendo os de hoje para com os santos varões, por serem amados de Deus. Basta já disto.

 

[Eusébio de Cesárea, H.E. livro VII,18,1-4. H.E. livro VII,19.] EDITORA NOVO        SÉCULO 2002

“O culto cristão às imagens parece já ser um fato; Eusébio o vê como influência pagã.”

A controvérsia iconoclasta que durou por volta de 120 anos se dá em duas fases. O primeiro período iniciou-se em 726 quando Leão III começou seu ataque aos ícones, e terminou em 780 quando a Imperatriz Irene suspendeu a perseguição. A posição dos defensores foi mantida pelo sétimo e último Concílio Ecumênico (787), que se reuniu (como o primeiro) em Nicéia. Ícones, o concílio proclamou, devem ser mantidos nas Igrejas e honrados com a mesma relativa veneração como outros símbolos materiais, como "a cruz preciosa e vivificante" e o Livro dos Evangelhos. Um novo ataque aos ícones, começou, com Leão V, o Armênio, em 815, e continuou até 843 quando os ícones foram novamente reintegrados, desta vez permanentemente por outra Imperatriz, Teodora. A vitória final das santas imagens (como é chamado) em 843 é conhecida como "Triunfo da Ortodoxia”, e é comemorada com o ofício especial celebrado no "Domingo da Ortodoxia," o primeiro domingo da grande quaresma. Durante este ofício a devoção aos ícones é proclamada, seus defensores são honrados e anátemas são declarados a todos os que atacam os santos ícones.


Um grande abraço, a paz do Senhor Jesus!

Aldrain Lima