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Os Jansenitas

Os Jansenitas

Os Jansenitas

 

         Cornelius Otto Jansenius (1585-1638)

 

Foi Doutor em teologia pela Universidade de Louvaina e bispo de Ypres. Com o intuito de reformular globalmente a vida cristã, o holandês Cornélio Jansênio deu início a um movimento que abalou a Igreja Católica durante os séculos XVII e XVIII. Descontente com o exagerado racionalismo dos teólogos escolásticos, Jansênio uniu-se a Jean Duvergier de Hauranne, futuro abade de Saint-Cyran, que também pretendia o retorno do catolicismo à disciplina e à moral religiosa dos primórdios do cristianismo.

         Os jansenistas dedicaram-se particularmente à discursão do problema da graça, buscando nas obras de Santo Agostinho (354-430) elementos que permitissem conciliar as teses dos partidários da Reforma com a doutrina católica. Jansênio em sua obra “Augustinus,” declarava que a razão filosófica era a “mãe de todas as heresias”. Baseando em Santo Agostinho sua doutrina do dúplice amor, sustentava que Adão, antes de pecar, era livre; pelo pecado perdeu a liberdade e tornou-se escravo da concupiscência, que o arrastou para o mal. 

 

                           

 

                                       Jansenistas ilustres

 

     Blaise Pascal  (1623 - 1662)

 

Foi filósofo, físico e matemático. Pascal foi decisivamente marcado por um acontecimento que determinou a mudança da sua trajetória espiritual: “o milagre do santo espinho”. O fato é narrado pela irmã de Pascal, Gilberte Périer: foi por esse tempo que aprouve a Deus curar minha filha de uma fístula lacrimal que a afligia fazia três anos e meio.

         Essa fístula era maligna e os maiores cirurgiões de París a consideravam incurável; e enfim Deus fez que ela se curasse tocando o santo espinho que existe em Port-Royal, e esse milagre foi atestado por vários cirurgiões e médicos. A cura de sua sobrinha repercutiu profundamente em Pascal: ...ele ficou emocionado com o milagre porque nele Deus era glorificado e que ocorria num tempo em que a fé de muitos era medíocre. A alegria que ele sentiu foi tão grande que se sentiu completamente penetrado por ela.

“...Somente aquele que chega ao fundo da miséria e da indignidade e que sabe que é a natureza humana poderá sentir a necessidade do mediador ( Cristo ), chegando por intermédio Dele a conhecer o verdadeiro Deus, pois só o mediador poderia reparar a miséria do homem... A imaginação aumenta os pequenos objetos até nos encher com ele a alma, numa apreciação ilusória; e numa insolência imprudente diminui os grande e o reduz a sua medida, como ao falar de Deus.”  ( Coleção os Pensadores, Ed. Abril Cultural, 1979 ).

 

Arnauld Antoine "O Grande Arnauld"  (1612-1694)

 

Teólogo líder dos jansenistas. Arnauld foi o mais novo de 10 crianças sobreviventes, de Antoine Arnauld , um advogado parisiense e Catherine Marion de Druy. Estudou no Collège Calvi, e depois no Collège Lisieux, na Sorbonne. Recebeu um grau de bacharel em 1635 e um doutorado em teologia em 1641, o mesmo ano em que foi ordenado padre católico. Foi admitido professor na Sorbonne em 1643.

Por influência do abade de Saint-Cyran, conselheiro espiritual de diversos membros da sua família, Arnauld juntou-se ao jansenismo, um movimento dentro da igreja católica, depois considerado herético, cuja doutrina sustentava a predestinação, negando a liberdade de vontade e que Cristo houvesse morrido por todos os homens. Publicou em 1643 o tratado De la fréquente communion ("Da Comunhão Frequente"), defendendo pontos de vista jansenistas.

Com seu Théologie morale des Jésuites, do mesmo ano, Arnauld iniciou sua longa campanha polemica contra os jesuítas, em que Pierre Nicole, um jovem teólogo de Chartres, haveria de ser seu colaborador.

         Em 1655 Arnauld escreveu dois panfletos em que afirmou o ortodoxia substancial de Cornelius Otto Jansenius. Estes trabalhos acenderam uma disputa que resultou na expulsão de Arnauld da Sorbonne em 1656. Excluído da faculdade de teologia, retira-se para a abadia de Port Royal. Foi esta controvérsia que provocou Blaise Pascal a escrever a defesa de Arnauld na série das cartas conhecidas como Les Provinciales (1656-57).

Durante todo o período da maior perseguição aos jansenistas (1661-69), Arnauld apareceu como um líder da resistência. A chamada paz de Clemente IX (1669) trouxe para Arnauld alguns anos de tranquilidade, começando com a elegante recepção oferecida a ele pelo rei Luís XIV, e ele em seguida voltou-se para o combate escrito aos calvinistas, nas divergências entre católicos e protestantes. Ganhou então fama como teólogo e o papa Inocêncio XI teria considerado fazer dele cardeal. Em 1679, a perseguição de jansenistas foi renovada e Arnauld procurou refúgio primeiramente nos Países Baixos e depois na Bélgica. Estabeleceu-se permanentemente em Bruxelas em 1682, onde devia permanecer em exílio voluntário até sua morte.

Apesar das circunstâncias precárias em que teve que trabalhar, a produção escrita de Arnauld durante seu exílio foi enorme. Ele não somente retomou seus ataques aos casuísmos dos jesuítas nos últimos seis volumes do seu Morale pratique des Jésuistes (1689-94; os primeiros dois tinham aparecido em 1669 e em 1682), mas também interferiu na disputa sobre os direitos do monarca francês na igreja francesa. Quase todos os seus escritos na última parte de sua vida foram consequência de suas divergências com Nicolas Malebranche e com Pierre Nicole, seu aliado nas primeiras polêmicas anti-jesuíticas. Escreveu sobre a teoria da luz (influenciado por Pascal), sobre lógica e gramática, e correspondeu com Descartes e Leibniz continuando os temas discutidos em Paris. Escreveu também "Gramática Geral e Racionalizada" (em colaboração com Lancelot, 1660); "Lógica de Port-Royal" (em colaboração com Nicole, 1662); e "Tratado das Verdadeiras e Falsas Ideias" (1683).


Um grande abraço na paz do Senhor Jesus!

Aldrain Lima