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Reflexões sobre Lucas

Reflexões sobre Lucas

Leia em sua Bíblia: Lucas 2.41-51

ERA-LHES SUBMISSO

“E desceu com eles para Nazaré; e era-lhes submisso”. (v. 51)

 

Nestas palavras o evangelista resume toda a juventude de nosso Senhor Jesus Cristo.

Agora, o que significa: “era-lhes submisso?” Simplesmente isso: cumpriu o quarto mandamento. Fez aquelas tarefas que pai e mãe querem que sejam feitas em casa, ou seja: buscou água, pão e carne; cuidou da casa, e fez outras coisas semelhantes a estas, conforme era mandado, como qualquer outra criança. Eis o que o querido menino Jesus fez. Por isso, todas as crianças piedosas e que amam a Deus deveriam dizer: Ah! não sou digno dessa honra de ser igual ao menino Jesus, fazendo o que ele, meu Senhor, fazia. Ele ajuntava gravetos e fazia outras coisas que seus pais lhe ordenavam, coisas que aparentemente eram tarefas bem simples e insignificantes, mas que têm que ser feitas em qualquer casa. Puxa vida, que crianças boazinhas não seríamos, se fizéssemos aquilo que nossos pais nos mandam fazer, por mais insignificante e humilde que isso seja.

Cristo é Senhor de tudo. Não obstante, para nosso exemplo, ele se humilha e obedece a pai e mãe. Por isso deveríamos fazer o máximo para aprender bem essa história e ficar felizes quando somos assim obedientes e fazemos nossas tarefas, levando em conta que o próprio Cristo não se aborrecia com tais trabalhos.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 2.41-52

A GLÓRIA DE DEUS SOBRE A CRIANÇA

“Jesus respondeu a seus pais: Por que me procuravam? Não sabiam que me cumpria estar na casa de meu Pai?” (v. 49)

 

Que significa isso: Cumpre-me estar na casa de meu Pai? Não pertencem a seu Pai todas as criaturas? Tudo é dele; no entanto, Deus deu-nos as criaturas para uso, para que com elas lidemos nessa vida terrena, de acordo com o melhor juízo. Uma coisa, porém, reservou para si, algo santo e de propriedade exclusiva de Deus, algo que se deve receber dele em separado: É sua palavra santa com a qual governa os corações e as consciências, e as santifica e lhe dá a bem-aventurança. Por isso também o templo é considerado seu santuário, sua santa morada, para nele estar presente por sua palavra e fazer-se ouvir.

Ele não pode ser encontrado nem entre amigos e vizinhos, nem em qualquer outro lugar fora do ministério da palavra. Pois não quer ser mundano nem ser encontrado nas coisas mundanas. Ele quer estar nas coisas que são do Pai. Assim, aliás, se revelou desde seu nascimento e durante toda a vida.

Você não sabe que cristo não está nem pode ser encontrado somente nas coisas de seu Pai? Não naquilo que você e todos os homens são e possuem. Por isso acontecem essas coisas à mãe de Cristo e a José: Sua sabedoria, pensamentos e esperanças falham, e tudo leva a nada, enquanto o procuram de um lado para o outro. Pois não o procuram como deveria. Procuram-no como fazem carne e sangue. No entanto, nesse ponto deve-se deixar tudo de lado: amigos, conhecidos, toda a cidade de Jerusalém, toda arte e sabedoria, tudo que são eles próprios e todos os homens. Pois tudo isso não resulta em consolo algum – até que o procuram no templo, na casa de seu Pai. Aí, com certeza, é que o encontramos, e o coração acha paz.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 8.5-15

O DESTINO DA PALAVRA DIVINA

“A que caiu em boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam em perseverança”. (v. 15)

 

Jesus diz: “bom e reto coração”, isto é, como uma roça sem espinhos e sem tocos, um chão plano e vasto como uma bela área limpa. Amplo, limpo e desimpedido – assim também é o coração livre de preocupação e avareza por bens materiais. Nele, a palavra de Deus encontra solo fértil.

Daí já se compreende por que há tão poucos cristãos verdadeiros. Pois a semente não cai apenas em terra boa, apensa a Quarta parte, ou menos ainda. E vemos que não se pode confiar naqueles que se gabam de serem cristãos e enaltecem a doutrina do evangelho. Pois o próprio Cristo adverte: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Com isso quer dizer: Como são raros os verdadeiros cristãos. Na verdade, não se pode crer em todos que se dizem cristãos e ouvem o evangelho. Para tanto é necessário algo mais.

Que nos importa o fato de muito desprezarem o evangelho? Pois as coisas têm que ser assim – que muitos são chamados, mas poucos escolhidos. Por causa da boa terra que produz fruto com perseverança, a semente há que ser lançada também à beira do caminho, sobre a pedra e entre os espinhos. Pois estamos convictos de que a palavra de Deus não fica sem fruto, como, aliás, diz nessa parábola: Uma parte da semente do semeador sempre também cai em terra boa. Pois onde se espalha o evangelho, ali haverá cristão: “Minha palavra não retornará vazia”.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 14.25-33

É PRECISO SOFRER

“E qualquer que não tomar a sua cruz, e vier após mim, não pode ser meu discípulo”. (v. 27)

 

Embora não devamos procura obter a salvação ou ganhar o mínimo de mérito que seja através de nossa cruz e sofrimento, devemos, não obstante, seguir a Cristo em seu sofrimento, para nos tornarmos semelhantes a ele. Pois Deus decidiu que não apenas confiássemos no Cristo crucificado, mas também fôssemos crucificados e devêssemos sofrer com ele, como ele claramente indica em muitas passagens dos evangelhos.

Por isso, cada qual deve carregar um pedaço da santa cruz. E isso tem de ser assim; não há escolha. São Paulo também diz isso em Colossenses 1.24: “E preencho o que resta das aflições de Cristo em minha carne”. É como se quisesse dizer: Toda sua cristandade ainda não está completa. Também nós precisamos seguir, para que nada do sofrimento de Cristo falte ou se perca, mas para que seja reunido num monte só. Assim sendo, cada cristão deve contar com isto: a cruz certamente virá.

Agora, deve e tem de ser uma cruz e sofrimento daqueles que faça jus ao nome e realmente machuque e doa, como, por exemplo, grande risco para honra e bens, corpo e vida. Um tal sofrimento a gente sente de fato, e ele machuca. Pois de jeito nenhum seria sofrimento se não doesse bastante.

Se a gente sabe disso, tudo fica mais suave e tolerável, e a pessoa pode consolar-se, dizendo: Pois bem, se quero ser cristão, devo vestir o uniforme da corte de Cristo. O amado Cristo não entrega outro fardamento a não ser este: É preciso sofrer.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 15.3-7

O evangelho se resume em carregar

“Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo”. (v. 5)

 

Em todo o evangelho dificilmente existe exemplo mais lindo que este em que o Senhor Jesus Cristo se compara a um pastor que põe a ovelha perdida sobre os ombros e a carrega de volta ao curral. Ainda hoje ele continua fazendo isso.
Esta é, portanto, o resumo do evangelho: O reino de Cristo é um reino de misericórdia e graça, onde não senão um constante carregar. Cristo carrega nossas fraquezas e doenças, toma sobre si nossos pecados e é paciente quando falhamos. Estamos constantemente sobre os seus ombros. E ele também não se cansa de carregar o que nos deve servir de grande consolo quando somos tentados a pecar. Neste reino, os pregadores devem consolar as consciências, tratar com elas de forma amigável e nutri-las com o evangelho. Devem carregar os fracos, curar os doentes e devem saber dividir corretamente a palavra e administrá-la a cada um conforme suas necessidades.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 18.31-34

EIS QUE SUBIMOS PARA JERUSALÉM

“Tomando consigo os doze, Jesus lhes disse: Eis que subimos para Jerusalém e vai cumprir-se ali tudo quanto está escrito por intermédio dos profetas, no tocando ao Filho do homem”. (v. 31)

 

Para entender a paixão de Cristo não basta entender seu sofrimento. É preciso compreender também seu coração e vontade de sofrer. Pois quem contempla o sofrimento de Cristo e não encontra nele a vontade e o coração de Jesus, esse certamente irá assustar-se em vez de se alegrar. Quando, porém, se vê na paixão seu coração e vontade, termos nele verdadeira consolação, esperança e amor a Cristo.

Sua disposição para sofrer, Jesus também a revela nesse evangelho quando anuncia antecipadamente a decisão de subir para Jerusalém, para deixar crucificar-se, como para dizer: Vejam meu coração e observem que o faço espontaneamente, sem constrangimento e de boa vontade. Assim, não irão assustar-se nem ficarão apavorados quando as coisas irão acontecer e quando pensarem que o faço contra minha vontade, por imposição, como se estivesse abandonado e como se os judeus o fizessem por seu poder.

Os discípulos, porém, não entenderam tais palavras, e a palavra lhes ficou encoberta. Isso vale dizer: Razão, carne e sangue não podem entender que a Escritura possa afirmar que o Filho do homem tenha que morrer na cruz. Muito menos poderá entender que isso possa ser sua vontade e que o faz de boa vontade. Pois é uma coisa maravilhosa que o Filho do homem seja crucificado, e que o faz de boa vontade, para cumprir as Escrituras, ou seja, a nossa favor. Isso é um mistério e continuará sendo um mistério.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 22.39-44

GETSÊMANI

“E aconteceu que seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra”. (v. 44)

 

Meu Deus, por que, afinal, vacila meu Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus? Em que consiste sua agonia? Ele pede que o cálice seja afastado dele. Que cálice é esse? Não é outra coisa senão a terrível morte na cruz. Agora, por que tem de morrer? Ele não tem pecado, é santo e justo! Ele tem de passar por isso por causa dos pecados do mundo que Deus colocou sobre ele. Esses o apertam e angustiam.
E não é assim que, se Deus colocou meus pecados sobre ele, eu estou livre dos meus pecados? Razão por que São João o denomina de Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Por que, então, deveria eu acusar a mim mesmo e a meu Senhor Jesus Cristo? Sou pecador, infelizmente isso é verdade. O pecado me amedronta. Sinto isso muito bem e esse fato a toda hora me inquieta o coração. Temo a Deus e seu severo juízo. Mas, como ia dizendo, de que forma poderia eu acusar a mim mesmo, sim, como poderia eu acusar o meu Senhor Jesus Cristo? Ele treme e vacila no Monte das Oliveiras, está angustiado e com tanto medo que chega a suar gotas de sangue. Tudo isso lhe foi causado pelos meus pecados que ele tomou sobre si e que lhe deram tanto trabalho. Por isso quero deixar que fiquem sobre ele e ter toda certeza de que, a qualquer hora em que tiver que comparecer diante de Deus e enfrentar seu julgamento, Deus não achará pecado algum em mim.
Veja! também o Monte das Oliveiras deve servir-lhe de consolo, pois você tem certeza de que Cristo tomou sobre si seus pecados e pagou o preço por eles. Se, portanto, seus pecados foram colocados sobre Cristo, pode ficar tranqüilo: eles estão no lugar certo, ali onde devem estar.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 23.27-32

Não chore por mim

“Porém, Jesus, voltando-se para eles, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas e por vossos filhos”. (v. 28)

 

Ele sofre em nosso lugar. Por isso é doloroso para o Senhor ver que seu sofrimento é transformado em motivo de choro para nós. Ele quer que nos alegremos, louvemos a Deus, rendamos graças por seu amor, louvemos, exaltemos e confessemos o seu nome. Pois, através de sua paixão, temos acesso à graça de Deus, ficamos livres dos pecados e da morte e nos tornamos filhos amados de Deus. Agora, tanto um quanto outro são difíceis de meter na cabeça. Pois temos a tendência inata de inverter a coisa. Quando devemos chorar por causa dos nossos pecados, damos risada; quando deveríamos rir e nos encher de alegria porque Cristo morreu por nós e nos ganhou a vida eterna, aí choramos. Porque, ou fazemos pouco caso dessa alegria por amarmos mais as outras alegrias deste mundo, ou, então, choramos, lamentamos, ficamos desanimados, como se Cristo jamais tivesse morrido, jamais tivesse feito pagamento pelos nossos pecados, jamais tivesse aplacado a ira de Deus e jamais tivesse nos remido da morte.
Por isso, em ambos os casos é preciso orar. Em primeiro lugar, para que Deus, por meio de seu Espírito Santo, toque nossos corações, nos faça detestar o pecado, nos afaste do mesmo e remova toda nossa autoconfiança. Por outro, precisamos orar para que ele nos dê o seu consolo face ao pecado e aumente em nós a confiança no sacrifício e na expiação de nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 23.39-43

O malfeitor na cruz

“E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”. (v. 42s.)

 

No jardim, Jesus foi consolado por um anjo. Aqui, na cruz, o consolo vem de um malfeitor pendurado a seu lado. Este é um Deus maravilhoso, que faz com que seu Filho seja consolado por um malfeitor. O malfeitor deve ter enxergado através do corpo de Cristo, através da desonra, zombaria e sofrimento, pois, do contrário, não teria podido crer nem confessar que Cristo era o Senhor e tinha um reino poderoso. E assim, Cristo passou pelo inferno e começa a ter consolo no malfeitor. Deus não permite que sua igreja morra. Por isso se diz com toda razão: A fé que morreu em Pedro, ressuscitou no malfeitor. Porque essa palavra tem de ficar de pé; “Domine entre os seus inimigos”. Então, Cristo se lembra: Apesar de tudo, tenho um Deus gracioso, que me preparou um reino e permite que o pecador desfrute do meu sofrimento. Por isso diz ao malfeitor: “Hoje você estará comigo no paraíso”. O malfeitor reconhece sua culpa e a inocência de Cristo. Por isso conclui: A inocência de Cristo vai me ajudar. E através de uma parede bem grossa ele consegue enxergar o coração de Cristo. O malfeitor é um dos nossos e somos semelhantes a ele. Por isso, invoquemos a Cristo e ele nos responderá: Sim, sim, exatamente como ao malfeitor.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 16.19-31

Que ouçam a palavra de Deus!

“Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos”. (v. 29)

 

Que pregam Moisés e os profetas? Em especial, estes dois pontos: Primeiro, apontam para o prometido descendente da mulher que deverá esmagar a cabeça da cobra. É desse descendente da mulher, o Filho de Deus, ... que tratam Moisés e os profetas, e ensinam, advertem e fala dele, para que o ouçamos quando aparecer, nos atenhamos a sua palavra e creiamos em sua promessa. Portanto, a fé em Cristo Jesus é o único e verdadeiro caminho para escapar dos pecados e da morte e chegar à salvação.
O segundo ponto de que falam Moisés e os profetas e este: Esperando nossa justiça e bem-aventurança exclusivamente daquele descendente de mulher prometido, também sejamos obedientes a Deus e cumpramos nessa vida terrena o que ordenou, e, por outro lado, evitemos e abandonemos o que proibiu. Pois é assim que se teme a Deus e se o tem sempre diante dos olhos. A fé tem por objetivo livrar-nos do pecado e tornar-nos filhos de Deus. A obediência ou o amor e as obras de caridade servem para revelar-nos como filhos obedientes, e não sigamos a provocar a ira de Deus, mas tenhamos boa consciência.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 17.5-10

Aumenta-nos a fé

“Então disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé”. (v. 5)

 

Nesta irmandade cristã, nenhum santo tem mais do que outro. São Pedro e São Paulo não têm mais do que Maria Madalena, eu e você. Resumimos: Vistos como um todo, eles são irmãos entre si, e não há diferença de pessoa para pessoa. Maria, a mãe do Senhor, João Batista e o malfeitor da cruz têm o mesmo que temos nós, eu e você, e todos os que são batizados e fazem a vontade do Pai. E o que têm todos os santos? Isto: Seus pecados lhes são perdoados; através de Cristo, eles têm promessa de receber consolo e ajuda em qualquer necessidade na luta contra o pecado, a morte e o diabo. Isto temos eu, você e todos os que crêem.
Mas também é verdade que a nossa fé não é tão forte como a de João Batista e São Paulo. Mas, apesar disso, recebemos o mesmo tesouro. Isso se compara a duas pessoas segurando um copo de bebida, um deles, com a mão trêmula, o outro, com a mão firme. Ou quando duas pessoas seguram um maço de dinheiro, um com a mão fraca, o outro, com a mão forte. A mão, seja ela fraca ou forte, como Deus quiser, não tira nem acrescenta nada ao maço. Assim também a única diferença entre mim e os apóstolos é que eles seguram o tesouro com mais firmeza. Entretanto, devo e preciso saber que tenho o mesmo tesouro que tiveram profetas, apóstolos e os santos de todos os tempos.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 6.36-42

Perdoando um ao outro

“Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai”. (v. 36)

 

Como mostra Deus, nosso Pai, sua misericórdia? Dando-nos todos os bens, tanto físicos como espirituais, temporais e eternos, tudo de graça e por bondade. Pois se nos desse de acordo com o que merecemos, haveria que nos dar somente o fogo do inferno e a condenação eterna. Portanto, o que nos dá em bens e honra, acontece somente por misericórdia. Deus vê que estamos condenados à morte; disso ele se compadece e nos dá a vida. Vê que somos filhos do inferno; disso ele se compadece e nos dá o céu. Vê que somos miseráveis e nus, famintos e sedentos; disso ele se compadece e nos veste, alimenta e sacia a sede, a nos satisfaz com todos os bens. Portanto, tudo que temos, tanto na área física como espiritual, isso ele o dá por misericórdia... Por isso diz Cristo: “Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai”.
A misericórdia cristã não buscará seus próprios interesses, mas dever ser da seguinte espécie: Há que ser inteira, abrir os olhos e fitar a todos de igual modo – amigo ou inimigo, como faz nosso Pai celeste.
E onde não há essa misericórdia, também não há fé.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 12.9-14

O fariseu

“O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano”. (v. 11)

 

O fariseu quebra e transgride todos os mandamentos, pois nega a Deus e também não presta serviço algum ao próximo. Com isso, ele se arruinou, porque não cumpriu um ponto sequer da lei. Se ele tivesse dito: “Ó Deus, nós todos somos pecadores: aquele pobre pecador, eu também, a exemplo de outros”, e se tivesse incluído na comunidade e dito: “Ó Deus, tem misericórdia de nós!”, então teria cumprido o primeiro mandamento de Deus, uma vez que teria dado honra e louvor a Deus. E se, depois, tivesse dito: “Ó Deus, vejo que aquele ali é um pecador, presa de Satanás’ajuda-o, bondoso Senhor!”, e o tivesse carregado nas costas e trazido diante de Deus, intercedendo por ele, teria cumprido também cumprido o outro mandamento, o do amor cristão, como Paulo diz e ensina (Gálatas 6.2): “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo”.
Mas acontece que ele chega e louva a si mesmo, diz-se justo, e todo sim-senhor, gaba-se de suas supostas boas obras, como jejuar e dar o dízimo de tudo o que ganha. Ao mesmo tempo, está cheio de ódio ao próximo que, se Deus lhe desse ser juiz, empurraria o pobre publicano ao mais profundo dos infernos. Vejam: Não é terrível ouvir isso e não se mostrar aí um coração perverso, querer que todos os homens sejam condenados apenas para que eu seja louvado?
E isso nos é apresentado para que não imitemos o exemplo do fariseu.

 

Leia em sua Bíblia: Leia em sua Bíblia: Lucas 19.41-48

O senhor e seu povo

“Quando Jesus ia chegando, vendo a cidade, chorou, e dizia: Ah! se conheceras por ti mesmo ainda hoje o que te é devido à paz!” (vv. 41s.)

 

No evangelho nos é mostrado um exemplo especial do horrível juízo de Deus sobre sua mais amada cidade, Jerusalém, e seu próprio povo, a cidade que é casa e morada do nosso amadíssimo Senhor Deus, e seu povo, sua criadagem. Pois Jerusalém era considerada como meio céu...
Apesar de tudo isso, sua amadíssima cidade teve que ser destruída da maneira mais cruel, visto que não aceitaram a palavra de Deus e não quiseram obedecer à mesma... Quanto menos poupará outras cidades não comparáveis a Jerusalém, e outros povos que não têm tanta afinidade com Deus como o povo judeu...
Nesse exemplo, havermos que aprendera ira de Deus e prevenir-nos do desprezo da palavra, e que não digamos, como se costuma ouvir: Ora, Deus não vai reparar nisso! Não castigará como firmeza! – Se não poupou sequer a santa cidade de Jerusalém, seu tesouro mais precioso na terra... não pense que ele nos poupará quando cairmos em pecado igual.

 

Leia em sua Bíblia: Leia em sua Bíblia: Lucas 19.41-44

Deus adverte sem cessar

“Mas isto, agora, está oculto aos teus olhos”. (v. 42b)

 

Isto, porém, agora, está oculto a seus olhos. Por isso, você, Jerusalém, continua vivendo em segurança, como se não houvesse perigo. Mas isso não vai durar muito, pois o fim virá. E já está bem próximo, embora ainda oculto a seus olhos.
A essa altura, alguém poderia perguntar: Por que cargas d’água o nosso Deus oculta o castigo? Por que não castiga de vez? Resposta: Ele procede assim para demonstrar sua paciência, para ver se nós nos emendamos e queremos buscar sua graça. Pois se Deus fosse intervir com trovões e relâmpagos cada vez que o merecêssemos, ninguém de nós viveria mais de sete anos. Por isso retém o castigo, visando dar-nos tempo e espaço para mudarmos de vida. Isso é próprio de Deus que, dessa forma, enaltece sua misericórdia para conosco. Por isso, faça meia volta enquanto é tempo, arrependa-se e emende sua vida.
Esta é a intenção de Cristo ao dizer: Mas isto, agora, está oculto aos seus olhos. É como se dissesse: “Não se iluda com o fato de o castigo estar oculto. Você me matará e derramará o meu sangue a exemplo do que fez com outros profetas antes de mim. Eu fico bem calado, deixo que aconteça e me submeto ao sofrimento”. Isso levará você, Jerusalém, à conclusão de que sempre será assim e que seu crime ficará impune. Por isso, ninguém se empenha por levar uma vida mais santa. Mas, cuidado! pois você não está livre de castigo. Se pudesse ser convencida, assim que pudesse crer, não procuraria uma forma de escapar do castigo. Mas você não acredita nisso. E assim continua a viver tranqüila, deixa escapar a oportunidade de sua visitação na qual é advertida e poderia voltar à graça, está segura de si mesma e não se emenda. É precisamente este o pecado, Jerusalém, que fará que a ira de Deus a alcance e surpreenda.
Aqui, trate de assimilar bem e note o que Deus considera o maior pecado, aquele que ele menos tolera: seu povo não reconheceu a oportunidade de sua visitação.

 

Leia em sua Bíblia: Leia em sua Bíblia: Lucas 19.41-44

A graciosa visitação de Deus

“E dizia: Ah! Se conheceras por ti mesma ainda hoje o que é devido à paz! Mas isto está, agora, oculto aos teus olhos”. (v. 42)

 

Assim sucederá a todos que não temem a Deus e se preocupam mais consigo mesmos do que com Deus. Dessa forma, Deus vingou a morte de todos os seus santos e profetas.
Estou profundamente preocupado com o meu povo. Pois este é o momento de sua graciosa e misericordiosa visitação. Se ele o despreza e rejeita, zomba e ri-se dele, com toda certeza, perderá o glorioso resplendor deste dia, e Deus tenha compaixão dele, pois tudo estará acabado. E há motivo para preocupações, pois, mesmo agora, no tempo da graça, ele não dá atenção ao bem eterno. Como diz o Senhor: Não venho até você como um carrasco, juiz ou perseguidor, para destruir; venho como um pai, pregador e salvador real, para aconselhar e ajudar. Se você deixar passar essa chance, tudo estará perdido.
O Senhor ficou três dias pregando no templo, e o fez com uma veemência que nunca tivera anteriormente, pois a necessidade do povo e a urgência o impeliam. O amado Senhor Jesus bem que gostaria de ter visto que as coisas estivessem bem.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 20.19-26

Deus é César

“Então lhes respondeu Jesus: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (v. 25)

 

A Escritura ensina que o Espírito Santo e não o mundo, o príncipe ou o imperador, deve governar por meio da palavra de Deus. O mundo deve submeter-se a esse julgamento e castigo e acatar a sentença. Mas, quando mundo resiste e se torna juiz, colocando-se acima da palavra de Deus, e nos condena e dá ordens, saibamos que tal juiz é maldito e diabólico. Devemos resistir, dizendo: “Estimado príncipe, imperador ou mundo, estou sujeito à sua autoridade no que diz respeito a vida e bens. À medida que você tem poder sobre vida e bens, devo e quero obedecer de boa vontade. Agora, quando você quer ir além, intrometendo-se no que compete a Deus, numa área em que você não pode nem deve emitir juízos, mas, juntamente comigo e com as demais criaturas, submeter-se ao juízo de palavra de Deus, nesse momento não devo nem quero obedecer; vou fazer justamente o contrário, para ser obediente a Deus e fiel a sua palavra.
Amados, não fomos batizados em nome de reis, príncipes ou do povo, mas em nome de Cristo e do próprio Deus. Também não somos chamados de reis, príncipes ou povo, mas de cristãos. Ninguém pode nem deve guiar almas, a menos que saiba indicar-lhe o caminho do céu. Homem nenhum pode fazê-lo; só Deus pode. Por isso, nas questões que dizem respeito à salvação da alma, nada deve ser ensinado e aceito além da palavra de Deus.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 18.9-14

Quem é justo?

“Dois homens subiram ao templo para orar: um fariseu e outro publicano”. (v. 10)

 

Observemos este tolo, o fariseu! Apresenta as mais belas obras!... Se esta não for a vida honrosa, qual será? Não há quem pudesse pôr defeito nele; É um homem que merece elogios. Sim, ele se elogia a si mesmo. E aí vem Deus e diz que todas as obras do fariseu são ofensa a Deus. Guarde-nos Deus de um tal julgamento! Assustamo-nos até os ossos, pois nenhum de nós chega perto desse fariseu com sua piedade.
Vejam, pois, como o fio da espada de Deus corta até o fundo da alma! Tudo, aqui, tem que ser destruído e arrasado, tudo tem de se humilhar, do contrário não poderá subsistir perante Deus.
O publicano aí está e se humilha. Não fala de jejuns nem de boas, nada, nada. E, ainda assim dize o Senhor que seu pecado não é tão grande como o do fanfarrão. Cuidado para que ninguém se julgue melhor do que o pior pecador. Se me ponho um dedo acima do próximo, acima do pior pecador, eu é que sou lançado ao abismo.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 18.0-14

Desprezar o próximo

“O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano”. (v. 11)

 

Olhe só como o fariseu pisoteia a segunda tábua da lei e se enfurece contra o seu próximo! Não temos, aqui, nem um pouco de amor cristão nem fidelidade que indicasse que ele busca ou deseja a honra ou a salvação de seu próximo. Pelo contrário, deseja-lhe mal e vai com os pés por cima dele com seu vergonhoso desprezo, considerando-o indigno de ser tratado como gente. Sim, quando deveria ajudar e salvar seu próximo, para que não fosse vítima de sofrimento ou injustiça, ele mesmo comete a maior injustiça de todas. Pois mesmo vendo e sabendo que seu próximo está pecando contra Deus, não se preocupa nem um pouco em como convertê-lo ou salvá-lo da ira e da condenação de Deus, para que mude de vida. Ele não se compadece da miséria e da infelicidade de um pobre pecador. Em sua opinião, é justo e razoável que o publicano permaneça neste estado de miséria e condenação. Recusa-se a amar e prestar o devido serviço ao próximo.
Uma pessoa que consegue alegrar-se, que tem profundo prazer no pecado e na desobediência contra a vontade de Deus; que lamentaria se alguém fosse reto de coração e guardasse o mandamento de Deus; que, além disso, não está disposto a ajudar a seu próximo como o mínimo que seja, dentro de suas possibilidades, ou a afastar dele o mal e a condenação – que serventia tem uma pessoa dessas no reino de Deus? Pode-se esperar algo de bom numa pessoa tão perversa a ponto de ser incapaz de almejar a salvação do próximo?

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 10.25-37

Boas obras

“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração... e o teu próximo com a ti mesmo”. (v. 27)

 

Cá estão as boas obras, descritas todas de uma só vez – são estas que devemos praticar uns para com os outros, tal como as realizou em nós o Pai celeste e ainda as realiza sem interrupção. Já ouviram muitas vezes que não precisamos de boas obras para com Deus, mas com o próximo as precisamos. Não se pode nem fortalecer nem enriquecer a Deus com boas obras, mas os homens, a esses sim podemos fortalecer e enriquecer. É o próximo que precisa delas, é a ele que devem ser dirigidas, e não a Deus. isso vocês já o ouviram muitas vezes, e que fique em seus ouvidos; queira Deus que também passe para as mãos e as obras!
A fé é pertinente só a Deus, essa fé recebe obras divinas, e é somente Deus que as realiza. E essas mesmas obras de Deus nós as recebemos só pela fé. De acordo com isso devemos dedicar-nos ao próximo e fazer com que todas as nossas obras sirvam a ele.
A fé devo levá-la para dentro de mim e para cima, a Deus; as obras devo levá-las para fora e para baixo, ao próximo.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 10.25-37

O bom sabaritano

“Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele”. (v. 13)

 

Aprenda bem o que significa amar a Deus. Este samaritano ama a Deus. Não que tivesse dado alguma coisa a Deus, mas porque ajuda àquele pobre homem da melhor maneira possível. Porque Deus diz assim: Se você quer ma amar e servir, ame e sirva a seu próximo, que tem necessidade disso; eu não preciso de nada. – Por isso, esse samaritano, aqui, com seu dinheiro, animal, óleo e vinho, está servindo ao próprio Senhor Deus que está nos céus. Não que nosso Senhor pessoalmente precisasse disso, ou que ele o esteja fazendo a nosso Senhor diretamente. Não. O samaritano ajuda a seu próximo. Mas trata-se de algo feito a Deus e é serviço a Deus, uma vez que Deus ordenou e mandou que assim fosse.
Por isso, trate de aprender e a viver segundo o exemplo desse samaritano que dá acolhida àquele homem necessitado, ajuda-lhe e cuida dele assim como gostaria de ser tratado e cuidado pelos outros em circunstâncias semelhantes. Por tal motivo é elogiado, pois ama a Deus e a seu próximo. Repito que você precisa aprender isso para colocá-lo em prática. Pois esse é o fruto que se espera daqueles que têm a palavra de Deus. E quem não produz esse fruto, é cristão falso, a exemplo do sacerdote e levita de nossa história, que são santos de pau, sim, santos diabólicos. Pois quem passa longe de seu próximo necessitado também passa longe de Deus.
Assim sendo, esse evangelho ensina-nos uma bela, apropriada e necessária lição de como devemos viver, caso desejarmos esta entre aqueles que realmente são amados por Deus, a saber, que amemos o nosso próximo necessitado e lhe façamos todo o bem. Deus levará isso em conta como se fosse feito diretamente a ele.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 17.11-19

Gratidão

“Então Jesus lhe perguntou: Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove?” (v. 17)

 

Esse é, realmente, um exemplo chocante. Os dez têm uma fé exemplar e são curados. Todavia, nove tornam a perdê-la e deixam de agradecer ao Senhor pelo benefício recebido.
Um tal exemplo deve ser-nos útil no sentido de aprendermos a ser gratos, guardando-nos desse detestável vício que é a ingratidão. Pois Deus nosso Senhor deseja – com toda razão – que lhe demos a honra de agradecer por todos os seus benefícios. Na verdade, deveríamos fazer isso como gosto e boa vontade, pois trata-se de algo que não exige muito esforço e trabalho. Pois quanto custa voltar-se a Deus para dizer: “Senhor, tu me deste pés, mãos, olhos, isso e mais aquilo, tudo perfeito; agradeço-te do fundo do coração por tudo isso, pois são dádivas que recebi de ti”.
Por outro lado, quanto lhe custa agradecer a seu pai ou sua mãe, a seu esposo ou sua esposa, a seu próximo quando lhe fazem um favor? Não é tão custoso assim, e deveria ser feito apensa para que se possa verificar que você se agradou do que lhe fizeram.
É o que faz o samaritano em nossa história: volta para junto do Senhor e lhe agradece. Isso não lhe custou nada, a não ser algumas poucas palavras. E o Senhor se agrada tanto assim que fica até admirado.
As pessoas gostam de ouvir uma palavra de agradecimento, e isso lhes faz muito bem. O agradecimento também motiva as pessoas a ajudarem mais ainda numa próxima vez.
Os gentios diziam que a ingratidão é o pior vício. Logo, não havia pior ofensa do que chamar alguém de ingrato. Contudo, notamos que esse vício é bastante comum e que, na maioria dos casos, pouco se agradece àqueles que merecem toda nossa gratidão. Temos o caso de pai e mãe que se dedicam a seus filhos com seus corpos, vidas, honra e bens. Mas que é que os filhos lhes dão em troca? Na verdade, um filho agradecido é coisa rara. Isso é obra do demônio.
Por isso, se vocês quiserem ser cristãos piedosos, aprendam a ser gratos, primeiramente a Deus, nosso gracioso Pai celeste, que nos dá corpo e vida e os sustenta; além disso, também nos dá tudo que se relaciona com a vida eterna. Sejam também gratos a seus pais, amigos, vizinhos e todos aqueles que fazem o bem para vocês, e retribuam-lhes o bem que fizeram. Assim que, se não for possível retribuir com obras, demonstrem sua alegria e gratidão por meio de palavras.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 11.24-28

Onde está a palavra, ali está a igreja

“Bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam”. (v. 28)

 

Ninguém põe em dúvida se existe ou não uma Igreja no mundo, tampouco que lhe devemos obediência. Mas, a discussão gira em torno disso: quem e qual é essa Igreja? Para acabar com essa discussão e determinar qual é a verdadeira Igreja, de nada adianta partir de palavras e opiniões humanas; a questão se decide se prestarmos atenção à descrição que o próprio Cristo, o Senhor, faz em sua palavra. Ele a descreve como pequena minoria que ama a Cristo e guarda a sua palavra (pois o amor se revela nesse guardar a palavra). “Minha palavra tem que estar ali”, diz Cristo, “deve ser guardada ou mantida. Do contrário, não haverá Igreja”. A palavra de Cristo deve ser a prova ou o critério pelo qual se reconhece e se localiza a Igreja. A Igreja de, igualmente, orientar-se por essa palavra, pois necessita de uma regra ou medida que determine o que deve ser pregado e feito. E não se admite que cada um fale ou faça o que em entender, alegando, posteriormente, que a Igreja falou e agiu assim movida pelo Espírito Santo.
Por isso, Cristo pretende a Igreja à sua palavra e faz dessa o sinal pelo qual a gente deve examinar e ver se a Igreja, de fato, tem, ensina e prega essa palavra e, em tudo, age de acordo com a mesma, movida pelo amor de Cristo.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 10.13-16

O Pregador é porta-voz de Deus

“Quem vos der ouvidos, ouve-me a mim”. (v. 16)

 

Deus fala por meio dos santos profetas e homens de Deus, como São Pedro também declara em sua epístola: “Homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”. Nesse ponto, homem e Deus não devem ser separados e distinguidos segundo o entendimento e o parecer da razão humana. Pelo contrário, a gente deve dizer pura e simplesmente: o que este homem,profeta, apóstolo ou pregador e mestre honrado disser e fizer por ordem de Deus, é palavra e obra do próprio Deus, pois ele é porta-voz e instrumento de Deus. Os ouvintes devem chegar à seguinte conclusão: neste momento, não estou ouvindo a voz de Paulo, Pedro ou a de qualquer outro homem, mas o próprio Deus está falando, batizando, absolvendo, punindo, excomungando e administrando a santa ceia.
Meu Deus, quanto consolo, uma pobre, débil e aflita consciência não receberia de um tal pregador, se ele tão-somente acreditasse que essas palavras e consolo são palavras, consolo e o firme propósito de Deus!
Por isso concluímos com prontidão, clareza e segurança: Deus age por meio da palavra que se assemelha a um veículo ou instrumento através do qual a gente pode conhecer a Deus como ele de fato é.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 14.15-24

Tudo preparado

“À hora da ceia enviou o seu servo para avisar aos convidados: Vinde porque tudo já está preparado”. (v. 17)

 

Se você, estimado amigo, não vê razão ou necessidade de participar do sacramento (da santa ceia), não seria essa frieza e falta de vontade de participar um mal e uma necessidade grande que chega? Que é isso senão frieza e falta de vontade de crer, agradecer e meditar sobre seu querido Salvador e todos os benefícios que ele conseguiu para você por meio de seu amargo sofrimento, resgatando-o do pecado, da morte e do diabo, e dando-lhe justiça, vida e salvação? De que maneira, pergunto, você espera acabar com essa frieza e vencer essa falta de vontade? Como espera ativar sua fé? Como pensa que vai estimular-se a dar graças? Quer esperar que isso lhe sobrevenha automaticamente ou até que o diabo lhe dê uma chance? Isso não vai acontecer nunca. Aqui, ao sacramento é que você precisa encostar e apegar-se. ele é fogo capaz de incendiar os corações. É em face do sacramento que deve pensar em suas necessidades e sede, ouvir e crer nos benefícios de seu Salvador. Então ficará aliviado seu coração, e seus pensamentos serão outros.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 1.26-33

O seu rei está chegando

“Ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim”. (v. 33)

 

Ele é seu Rei, pois lhe foi prometido, e a ele você pertence. Ele e ninguém mais deve reinar sobre você, não com poder deste mundo, mas no Espírito. Esse é aquele que você desejava desde o início, aquele por quem seus queridos antepassados ansiavam e clamavam ardentemente. Ele vai salvar e libertá-lo de tudo o que até agora o incomodava, oprimia e prendia.
Essa é uma palavra de grande consolo para um coração crente. Pois, fora de Cristo, o homem está sujeito a muitos tiranos furiosos, que não são reis, mas assassinos, em cujas mãos se vive atribulado e angustiado. Esses tiranos são o diabo, a carne, o mundo, o pecado, bem como a lei, a morte e o inferno. Dominada por todos esses, a consciência humana se acha em terrível escravidão e leva uma vida amarga e angustiada.
Mas o coração que recebe esse rei com uma fé poderosa, é salvo e não teme o pecado, a morte, o inferno ou qualquer outra desgraça. Pois sabe e não tem dúvida nenhuma de que esse rei é Senhor da vida e da morte, do pecado e da graça, do céu e do inferno, e de que tudo está em suas mãos. Veja, quanto não está contido nestas poucas palavras: “Eis aí o teu rei!” Bênçãos extraordinariamente grandes como essas são trazidas por esse rei desprezado, que vem montado num jumento. A razão humana não percebe isso, e a natureza não o pode compreender; somente a fé o pode.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 1.67-75

A vinda de Cristo em misericórdia

“Bendito seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo”. (v. 68)

 

Em seu primeiro advento, Deus manifestou-se numa terrível, espessa e escura nuvem, como fogo, fumaça de trovões com fortíssimo clangor de trombeta, num espetáculo tão terrível que os filhos de Israel ficaram com muito medo e disseram a Moisés: “Tudo o que Deus ordenou queremos fazer de boa vontade. Porém, fale-nos você; não podemos ouvir a voz de Deus sem morrer”. Então ele lhe deu a lei. A lei é cruel; a gente não gosta de ouvi-la. Ela é um pavor para nossa razão, assim que, por vezes, a pessoa cai em desespero. A lei sobrecarrega a consciência de tal forma que a pessoa fica completamente sem saber o que fazer.
O outro advento de Cristo não é assim aterrador, antes, é pacífico; não terrível como Deus no Antigo Testamento, mas meigo, misericordioso, como uma pessoa humana. ele não vem sobre o monte, e sim, na cidade. No Sinais, ele veio trazendo terror; agora, vem trazendo paz. No Sinai, foi temido, pois veio com trovões, mas, agora, ele vem com hinos de louvor. Daquela feita, veio com forte clangor de trombeta; agora, vem chorando à vista de Jerusalém. No Sinai, ele veio metendo medo; agora, vem trazendo consolo, alegria e amor. Daquela vez, ele disse: “Quem subir ao monte morrerá”. Agora, ele diz: “Digam à filha de Sião: o seu rei está chegando”. Vejam, aqui temos a diferença entre lei e evangelho: a lei exige, o evangelho perdoa tudo gratuitamente. A lei traz ira e ódio, o evangelho concede graça. No primeiro advento, os filhos de Israel não puderam ouvir a voz de Deus, enquanto agora, a gente não se cansa de ouvi-la, de tão doce que ela é. Por isso, ao estarem angustiados e profundamente entristecidos, não subam ao monte Sinai, isto é, não busquem ajuda mediante a lei ou satisfações; vão a Jerusalém, ou seja, ao evangelho. Esse diz: “Seus pecados lhe são perdoados. Vá e não peque mais.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 21.29-36

A graciosa admoentação divina

“Acautelai-vos por vós mesmos para que nunca vos suceda que os vossos corações fiquem sobrecarregados com as conseqüências da orgia, da embriaguês e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente”. (v. 34)

 

O misericordioso Deus não deseja que o dia do juízo vos apanhe de surpresa. Por isso, concede-nos a graça e a honra de nos admoestar graciosamente. Prega-nos sua palavra. Chama-nos ao arrependimento. Em Cristo, oferece-nos o perdão de todos os nossos pecados. Promete remover nossa culpa e sofrimento se crermos em seu Filho. Ordena cuidar de nossa vocação e cumprir a tarefa que nos foi confiada. Se o fizermos, ele, certamente, permitirá que comamos, bebamos, desfrutemos coisas boas e nos alegremos. Pois, se quisermos viver neste mundo, precisamos comer e beber. Agora, não devemos esquecer-nos de Deus e da vida futura. Não é este um Deus bondoso e santo que nos trata com amor, como um pai? Na verdade, ele fala conosco como um pai com seus filhos, dizendo: “Queridos filhos, arrependam-se; creiam no meu Filho que lhes enviei; sejam santo e obedientes, e trabalhem no ofício que vos foi confiado. Depois, comam, bebam e façam uso dos bens temporais que lhes dou de presente. Apenas tratem de fazer uso do mundo e dos bens terrenos como pessoas que esperam pela última trombeta, para que, quando essa soar e o último trovão se fizer ouvir, vocês estejam prontos e preparados, vivendo uma vida santa e sendo pessoas bem-aventuradas. Se assim fizerem, não têm nada a temer.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 21.25-28

A redenção se aproxima

“Ora, ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei as vossas cabeças, porque a vossa redenção se aproxima”. (v. 28)

 

Veja: este é o verdadeiro mestre que interpreta os sinais corretamente, não como os astrólogos e adivinhos, que não conseguem ver neles nada a não ser coisas ruins e que amedrontam as pessoas. Mas ele só anuncia o que é bom. E aquilo que, para a razão humana e todo o mundo é sinal e destruição, que deve ser temido e do qual devemos fugir, Cristo considera um bom sinal. Em tudo isso, encontra a alegre e agradável palavra: “sua redenção”, e apresenta um quadro consolador, um desse que o coração deve buscar e desejar ansiosamente. Pois, que significa “sua salvação” senão isto: agora, você está sob o poder de Satanás, alvo de todos os seus dardos; agora, está apertado e oprimido pelo mundo, passa necessidade e corre toda sorte de perigo, dos quais nem você nem homem algum pode libertá-lo. Você será libertado e salvo por seu Senhor Jesus Cristo e terá domínio sobre o diabo, o mundo, a morte, ficando tudo debaixo de seus pés. Por que razão você deveria, então, ficar com medo e assustado diante desses sinais? Não há razão de sobra para saudá-los com intenso júbilo?
Agora, este consolo devemos reter: sabemos que ele virá, e esses sinais mostram que sua vinda está próxima.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 12.35-48

Vamos ao seu encontro

“Cingidos estejam os vossos corpos e acesas as vossas candeias”. (v. 35)

 

Quem vai viajar deve colocar de lado suas vestes compridas e folgadas, e vestir roupa apertada. Cristo diz assim: Estejam preparados e prestem atenção no jogo; tenham as lâmpadas na mão e fiquem atentos, porque nada é certo. Pois a morte vai bater à sua porta, mas a que horas, ninguém sabe. Por isso, estejam à espera dessa hora.
Devemos trabalhar como se jamais fôssemos morrer e, ao mesmo tempo, estar com o espírito preparado como se fôssemos morrer agora mesmo. Eis o que significa cingir o corpo: viver à espera de Cristo, o Noivo.
Agora, essa doutrina nos derruba no chão e leva ao arrependimento. Pois ninguém estará assim preparado ao ponto de aguardar o dia do Senhor com alegria. Amamos o nosso pior inimigo, e nossa carne, de sorte que não nos agrada a idéia de morrer.
Se você não reconhece que ainda não está preparado como deveria, fale com Deus e apresente seu problema; ele lhe perdoará o pecado. Mas se desprezarmos sua palavra e estamos seguros de nós mesmos, Deus não nos dará o perdão, mas levará nosso pecado em conta, em nosso prejuízo. Deus, certamente, pode tolerar fraqueza; agora, maldade e desprezo ele não os pode suportar. Aquele, portanto, que reconhece que não está preparado, que faça confissão diante de Deus, peça ajuda, para que estejamos preparados. E Deus perdoará seu pecado e o ajudará graciosamente.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 1. 24-38

Esse reino também é nosso

“Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer, será chamado de Filho de Deus”. (v. 35)

 

O anjo disse essas palavras à piedosa virgem, para que se alegrasse nessa criança e deixasse de lado todo o temor e tristeza. Agora, essas palavras não se dirigem apenas à virgem, mas, também, a nós. Por isso, embora essa piedosa virgem – e ninguém mais do que ela – seja a mãe desse menino, não deixa de ser verdade que nós também pertencemos a seu regime e reino. Pois, do contrário, estaríamos em maus lençóis. Tudo que somos e temos é transitório e dura bem pouco tempo. Pois que são quarenta, cinqüenta ou, vá lá, cem anos? mas aquele que faz parte desse reino, um reino eterno, é feliz e tem motivos que chega para saltar de alegria e resto da vida.
As palavras do anjo voltam nossa atenção para essa vida transitória, tão cheia de perigos, pecado e morte, e nos ajudam a suportá-la, pois fala de um reino eterno, que não tem fim.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 1.48,49

Ele contemplou na humildade de sua serva

“Porque o Poderoso me fez grandes coisas. Santo é o seu nome”. (v. 49)

 

Eis o significado dessas palavras da santa mãe de Deus: nada disso aí e nenhuma dessas grandes bênçãos se devem a mim, e sim, a Deus, que tudo fez e cujo poder atua em todos, sem intervenção de ninguém; esse me fez grandes coisas.
Eu sou apenas a oficina na qual ele trabalha, pois não ajudei em nada para a obra. Por esse motivo, também ninguém deve me louvar ou dar a honra à minha pessoa pelo fato de ter me tornado mãe de Deus. Ao contrário, vocês devem louvar a Deus e sua obra em mim. Quanto a mim, basta que se alegrem comigo e me considerem bem-aventurada porque Deus se valeu de mim para realizar essa sua obra em mim.
Observe o cuidado com que ela atribui tudo a Deus, sem querer mérito, honra ou glória para si mesma. Ao contrário, continua a viver normalmente, tal qual vivia antes de receber tudo isso. Ela não reclama mais honra do que antes, não se exalta, não explode, não se põe a gritar que se tornou mãe de Deus, não exige honra alguma. Vai e trabalha dentro de casa como antes, tira leite das vacas, cozinha, lava pratos, varre o chão, faz aquelas coisas simples e desprezíveis que uma empregada ou dona-de-casa tem de fazer, como se nem se importasse com essa extraordinária graça e bênção. Entre outras mulheres e vizinhas ela não é mais estimada do que antes. Também não faz questão disso, pois continuou sendo uma pobre cidadã em meio à grande multidão de pessoas simples. Oh, que coração singelo e puro! Como se esconde algo tão grandioso atrás de uma aparência tão simples.

 

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 1.46-55

Minha alma engrandece ao senhor

“Pois desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada”. (v. 48)

 

Deus caracteriza-se por olhar para aquilo que é pequeno e simples. Por isso traduzi a palavra “humildade” com insignificância ou jeito simples, assim que o significado das palavras de Maria é este: Deus olhou para mim, moça pobre, desprezada, simples, quando bem poderia ter encontrado uma rica, distinta, nobre, poderosa rainha, filha de príncipe ou grande senhor. Poderia muito bem ter escolhido a filha de Anás ou Caifás, que eram os chefes da nação. Mas ele voltou seus olhos tão bondosos para mim e se valeu de uma serva tão simples e desprezada, para que ninguém se glorie na presença de Deus, dizendo que mereceu ou merece tudo isso. Também eu devo confessar que isso é pura graça e bondade de Deus, e de forma nenhuma mérito ou dignidade minha. Quanto mais mérito e dignidade se atribui a ela, tanto mais se desmerece a graça divina e diminui a verdade do cântico de Maria.
Por conseguinte, quem quer honrá-la devidamente, não deve olhar apenas para ela, e sim, colocá-la diante de Deus e muito abaixo de Deus, despojando-a da cabeça aos pés e contemplando sua insignificância, como ela mesma diz. E, depois disso, maravilhado com a grande graça de Deus, que rica e graciosamente atenta para uma mulher tão simples e insignificante, envolve-a com a sua sombra e a torna bendita. Assim, você será movido a amar e a louvar a Deus por essa graça e, dessa forma, estimulado a esperar todo o bem da parte desse Deus que tão graciosamente atenta para as pessoas simples, desprezadas, insignificantes, e não as despreza. Assim, seu coração será fortalecido na fé, no amor e na esperança de Deus. Maria não quer que você se dirija a ela, e sim, a Deus.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 1.76-79

Os percursos

“Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo”. (v. 76)

 

Cristo deveria nascer em toda a simplicidade e singeleza, sem aparato e pompa, tão importantes para corações carnais. Viria salvar o mundo por meio de palavras e sinais, e não por meio de mosquetões, espada ou violência física. Por isso, depois de Moisés, dos profetas e todos, sacerdotes e levitas, Deus enviou, não um anjo, mas um homem de nome João. Esse, na verdade, foi mais que um profeta (como Cristo testemunha a seu respeito). João foi adiante do Senhor, para bater às portas e acordar os judeus, testemunhar a respeito do Senhor e dizer: abram portões e portas, pois aí vem o Salvador tão esperado por vocês. Acordem, vejam: a nova luz que estava com Deus desde sempre e que era Deus eterno e agora tornou-se homem, essa luz está presente entre nós. Não a deixem passar despercebida.
Inclusive seu nome é maravilhoso: João – rico em graça. Ele não haveria de ser chamado por um nome qualquer, como as outras pessoas. Teria que levar um nome tal que expressasse a mensagem que trazia, como, aliás, acontece com todos os nomes que Deus provê e põe em pessoas. Assim também seu amado Filho não se chamou Jesus por acaso, pois salvaria o povos dos seus pecados. Do mesmo modo, também João não leva seu nome por causa de sua pessoa, mas por causa de seu cargo e testemunho.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 2.8-20

A boa notícia

“Não temais: eis que vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. (vv. 10s.)

 

Esta pequena palavra “vos” deveria encher-nos de alegrai. Pois com quem o anjo está falando, com pau ou pedras? Não! Ele fala com pessoas, e não só com uma ou duas, mas com todo o povo. E que vamos fazer diante disso? Vamos continuar duvidando da graça de Deus e dizer: São Pedro e São Paulo bem que podem alegrar-se no Salvador, mas eu não? Pois sou um pobre pecador e esse nobre e preciso tesouro não é para mim. – Meu caro, se você insiste em dizer: “Esse tesouro não é para mim”, é minha vez de perguntar: Para quem então? Será que Cristo veio por causa dos gansos, patos ou vacas? Você precisa ver como ele é. Se ele quisesse ajudar a qualquer outra criatura, teria assumido a forma dessa criatura. Mas ele se tornou homem.
Pois bem, e quem é você? Quem sou eu? Não somos todos pessoas humanas? É claro que sim. Portanto, quem deve receber essa criancinha senão os homens? Os anjos não precisam dele, e foi por nossa causa que ele se tornou homem. Por isso é necessário que o recebamos com alegria, como o anjo diz em nosso versículo: “Hoje vos nasceu o Salvador”. Não é maravilhoso que um anjo venha do céu trazer-nos essa mensagem? Não é maravilhoso que junto com ele, milhares de anjos, cheios de alegria, anunciam e desejam que nos alegremos também e recebamos essa graça com gratidão em nossos corações?! Por isso devemos tomar esta palavra “vos” e inscrevê-la com letras douradas em nossos corações, e receber o nascimento desse Salvador com alegria.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 2.20-32

Morrer em paz

“Simeão tomou o menino nos braços e louvou a Deus”. (v. 28)

 

O inocente Rei e Sacerdote jaz sob a lei; o Senhor se torna escravo e servo de todos nós; queira Deus que vejamos esse Rei com a mesma fé que teve o santo Simeão.
Esse homem idoso tomou a criança em seus braços, alegrou-se e seu coração se renovou nessa imensa alegria; alegrou-se tanto que não conseguiu nem escreve nem falar. Pois, vendo essa criancinha, foi o seguinte que passou em seu coração: tenho em meus braços uma pequena criança, de apenas seis semanas, desconhecida do mundo; no entanto, é o verdadeiro Salvador, o verdadeiro Tesouro que há muito esperava. Nem príncipe, nem imperador, nem rei repararia neste criança. Seu coração, porém, que a conhecia muito bem, alegrou-se tanto que ninguém se admiraria se tivesse morrido de alegria. Pois seu desejo foi cumprido de tal modo que não apenas pôde ver a criança, mas também pôde tomá-la nos braços. Essa alegria o faz dizer:
Este é o tesouro que alegra e me torna a morte amena. Vejam o que se passa no coração desse ancião. Ele sabe que chegou a hora da morte e quer partir em paz. Essa é a grande palavra, cheia de conforto, palavra maravilhosa – morrer alegre e em paz. De onde consegue uma morte agradável assim? Isso provém unicamente da criança. Quem já viu uma morte assim? Repare-se naqueles que confiam nas obras – será que também morrem em paz?

 

Leia em sua Bíblia: lucas 2.8-12

Não tenham medo

“Não temais”. (v. 10)

 

Essas palavras indicam que esse Rei nasceu para aqueles que vivem em temor e tremor, e que somente esses fazem parte do seu reino. A esses devemos anunciar uma mensagem semelhante àquela que o anjo anunciou aos pobres atemorizados pastores: “Eis aqui lhes trago boa nova de grande alegria”. Essa alegria, na verdade, é oferecida a todo o povo; mas apenas aqueles que têm consciências atribuladas e corações atemorizados podem sentir essa alegria. Esses me pertencem e são alvo de minha mensagem; a esses quero anunciar boas novas. Não é maravilhoso que essa alegria esteja mais ao alcance justamente daqueles que sentem maior intranqüilidade de consciência?
O mundo está contente e se sente bem quando tem bens, dinheiro, glória e poder. Agora, um coração atribulado e miserável não deseja outra coisa senão paz e consolo, certeza de que Deus lhe é gracioso. E essa alegria, que traz descanso e paz ao coração atribulado, é tão grande que ofusca completamente a alegria do mundo. Por isso é necessário que as pobres consciências ouçam uma mensagem semelhante à do anjo: Prestem bem atenção, vocês que estão tristes e sentem-se miseráveis, pois eu lhes trago uma boa notícia. Pois ele não se fez homem e veio ao mundo para lançá-los ao inferno, muito menos ele foi crucificado e morto por razão; ao contrário, veio para que vocês tivessem nele muita alegria. Se você deseja uma definição correta e uma descrição precisa de Cristo, ou seja, dizer quem e o que ele é, deve dar ouvidos à definição e descrição do anjo: ele é e se chama “Grande Alegria”. Quisera podermos aprender e assimilar bem essa definição, porque nela reside poder.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 1.46-55

Deus atenta para os humildes

“Derrubou dos seus tronos os poderosos e exaltou os humildes”. (v. 52)

 

Poderia Deus Ter dado maior demonstração de sua bondade do que afundando-se tanto assim em carne e sangue, não desprezando a obscuridade natural e dando a maior honra à natureza humana juntamente ali onde ela foi mais desonrada por Adão e Eva?
A má vontade e todos os maus pensamentos, por mais fortes que sejam, desaparecem logo que contemplamos esse nascimento e meditamos em como a majestade divina age e opera com tanta seriedade, amor e bondade indescritíveis no corpo dessa virgem. Tão desprezada come ela é nesse mundo, tão grande e mil vezes mais honrada ela é no céu.
Veja que imensa honra Deus não concede àqueles que são desprezados pelos homens e se alegram nisso. Aqui, recebemos percebemos para onde se dirige seu olhar. Apenas para baixo e para as profundezas, como está escrito; “Ele está entronizado acima dos querubins, contudo olha para as profundezas e para os abismos”.
Os anjos também não foram ao encontro de príncipes ou poderosos, e sim, de leigos incultos e pessoas mais humildes da face da terra. Não poderiam ter se dirigido ao sumo sacerdote, aos escribras de Jerusalém, pessoas que tinham muito a falar sobre Deus e os anjos? Não. Os pobres pastores, que nada eram nesta terra, foram dignos dessa grande graça e honra no céu. Veja como Deus despreza o que é altaneiro.

 

Leia em sua Bíblia: Lucas 2.25-32

Simeão

“Simeão tomou o menino nos braços e louvou a Deus, dizendo: Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação”. (vv. 28-30)

 

Simeão está velho, às portas da morte. Ele sente a morte por todo o seu corpo, penetrando cada um de seus membros, na medida em que dia a dia, cada vez mais, a morte se lhe aproxima. É assim com pernas idosas: vão enfraquecendo diariamente. Agora, ele não se deixa abater. Deseja apenas que aconteça em breve. Declara que não tem medo e não se preocupa nem um pouco com o fato de Ter de morrer. Sim, a morte é-lhe bem-vinda, porque viu o Salvador. Pois não fora isso, coração algum poderia ter alegria ou felicidade ao morrer. Diante disso, o piedoso Simeão bem que gostaria de admoestar todo mundo e levar-nos a imitar seu exemplo, porque temos de confessar que precisamos de um Salvador, e que aceitamos este que foi providenciado pelo próprio Deus e não é produto nosso. Pois não pode haver dúvida quanto a isso: precisamos de ajuda. Pois esta é a razão da vinda desse menino: Deus, seu Pai celeste, no-lo mandou para ajudar-nos. Quem tem esse Salvador, o Salvador divino, pode ter paz e ficar tranqüilo.
Tudo o que precisamos fazer é abrir os olhos, a exemplo do patriarca Simeão, encarar essa criancinha, tomá-la nos braços, acariciar e beijá-la, isto é, depositar nela nossa alegria, confiança, consolo e coração. Porque, se o nosso coração tem certeza de que essa criancinha é o Salvador divino, o resultado só pode ser a paz e o destemor diante do pecado e da morte, pois contra isso a gente um Salvador.