Irineu de Lyon e Clemente de Alexandria

Irineu de Lyon e Clemente de Alexandria

                                              Irineu de Lyon (c.125-202)

 

Irineu de Lyon nasceu por volta do ano 125, e converteu-se bem jovem ao cristianismo. Irineu era asiático, oriundo da Frigia ou Esmirna, embora fosse gaulês por adoção. Era um moço inteligente e disposto a lutar pela causa do evangelho e pela genuína fé cristã.

O jovem bispo era amigo de Policarpo, o velho Bispo de Esmirna, de quem ouvia histórias e lembranças sobre o apóstolo amado João. A igreja de Lyon mantinha relações seguidas com as igrejas da Frigia e da Ásia Menor e com a igreja de Roma. Todas estas cidades exerceram um importante papel no pensamento e na vida de Irineu.

A enorme influência exercida por Policarpo perdurou por toda a vida de Irineu, estando presente no seu modo viver, sua conduta, seus diálogos, seu aspecto físico, etc.

Irineu sucedeu Fontino, morto como mártir durante a perseguição. Desde esta época, o jovem bispo dispõe-se à evangelização e ao combate do gnosticismo. Por volta de 190-191, ele intervém junto ao bispo Vitor de Roma para exortá-lo a propósito da controvérsia pascal e, também exorta os bispos da Ásia, para que tenham sentimentos de paz.

Na cidade de Lyon, no ano 177, houve uma amotinação popular, em que cristãos condenados eram presos, com a autorização do imperador Marco Aurélio. Eusébio de Cesareia registra uma carta de Irineu relatando os detalhes desta perseguição: “...sou cristão”, essa afirmação fazia para ele às vezes do nome, da cidade, da raça de tudo; os pagãos não ouviam dele outras palavras, ...os torturadores me aplicavam lâminas de ferro incandescentes nas partes mais delicadas do meu corpo, elas me queimavam, mas eu continuava inflexível e inquebrantável, firme na confissão de minha fé e recebendo da fonte celeste como que um orvalho fortalecedor da água viva que sai do lado de Cristo. Meu pobre corpo testemunhava o que eu tinha passado; todo ele era contusões e chagas; encolhido em si mesmo, eu não tinha aparência humana. Mas era o Cristo que sofria em mim e realizava uma grande e gloriosa obra; ele tornava impotente o adversário e mostrava aos outros, como exemplo, que nada é temível onde esta o amor do Pai, que nada é doloroso onde esta a gloria de Cristo...

Esta carta relata muito bem o que era ser Bispo neste período na cidade de Lyon, mas mesmo assim Irineu continuava firme, com fé e esperança na redenção em Cristo Jesus.

Irineu teve uma formação clássica, portanto conhecia os autores pagãos e os filósofos; todavia, para ele, a sabedoria maior encontrava-se nas sagradas Escrituras e suas traduções.

O bispo de Lyon escreveu duas obras: “Adversus Haereses”, cujo título completo é “Revelação e refutação da falsa gnose”, e “Demonstração da pregação católica”.

Irineu expôs de forma brilhante a unidade da fé e a unidade do desígnio de salvação.

Ele era um homem justo, ponderado e honesto. Era um típico pastor, refutando as heresias, porém sem nenhuma agressividade; mantinha sempre o zelo pela doutrina e uma fé fervorosa. Sua escritura era simples e correta.

Ele era um homem apaixonado pela sua fé, que enxergava o martírio como uma exaltação, e demonstrava uma tendência para as manifestações do Espírito. A luta travada contra a heresia tinha o intuito de que seus praticantes abandonassem os erros doutrinários e voltassem para Cristo.

Irineu de Lyon é uma testemunha da Igreja, que acreditava na tradição como fonte e regra de fé.

O bispo exerceu imensa influência nas comunidades cristãs e é considerado o profeta da Teologia da História.

A morte de Irineu é desconhecida sua data, que deve ter ocorrido no início do século III. Testemunhos isolados e tardios nesse sentido indicam seu martírio por volta de 202 d.C. quando do reinado de Setimo Severo ou nas mãos de hereges. Embora Jerônimo considere-o mártir, não é sabido qual foi o seu suplício.

 

 

 Tito Flávio Clemente (150 - 215)

 

Clemente de Alexandria Escritor grego, teólogo e filosofo cristão nascido em Atenas, pesquisador e opositor as lendas não compatíveis com os valores cristãos, considerado o fundador da escola de teologia de Alexandria. Combateu também o racismo, que via como base moral da escravidão. De pais pagãos, convertido ao cristianismo por seu mestre Panteno (c. 180), abraçou a nova fé e sucedeu-lhe como líder espiritual da comunidade cristã de Alexandria, onde permaneceu durante vinte anos, tornando-se um dos mais inteligente e ilustre dos pais da igreja primitiva. Entre suas obras de ética, teologia e comentários bíblicos destaca-se a trilogia formada por Exortação, Pedagogo e Miscelâneas.

Combateu os hereges gnósticos. Embora ele tenha sido instruído profundamente na filosofia neoplatônica, decidiu voltar-se ao cristianismo. Estabeleceu o programa educativo da escola doutrinária alexandrina. Defendeu a teoria da causa justa para a rebelião contra o governante que escravizasse o povo. Em o Discurso escreveu sobre a salvação dos ricos e sobre temas como o bem-estar, a felicidade e a caridade cristã. Durante a perseguição aos cristãos (201) pelo imperador romano Sétimo Severo (146-211), transferiu seu cargo na escola doutrinária ao discípulo Orígenes (185-253) e refugiou-se na Palestina, junto a Alexandre, bispo de Jerusalém, lá permanecendo até sua morte.