Jesus existiu?
Provas históricas da existência de Jesus Cristo
Relatório de Poncio Pilatos a Tibério César
Ao excelentíssimo, piedosíssimo, diviníssimo e terrivelíssimo César o Augusto, o governador da província oriental, Pilato.
Excelência: O relatório que lhe farei procede do fato de sentir-me coibido pelo temor e pelo tremor. Pois já sabeis que nesta província que governo, única entre as cidades quanto ao nome de Jerusalém, o povo judeu em massa entregou-me um homem chamado Jesus, acusando-o de muitos crimes que não puderam demonstrar com suficientes razões. Havia entre eles uma facção sua inimiga porque Jesus dizia-lhes que o Shabbath não era dia de descanso nem de festa para ser guardado...
Historiador judeu Flávio Josefo ( 37-100 ), escreveu sobre Jesus em sua obra "Antiguidades Judaicas" Livro 18 Capitulo 4 parágrafos 772. [CPAD 8ª edição]
Existem, porém, duas versões sobre o mesmo trecho, uma mais antiga, em língua grega, que testemunha a messianidade de Jesus, e uma tradução árabe que omite tal afirmativa.
Alguns estudiosos afirmam que o testemunho da messianidade não é de Josefo, foi interpolado posteriormente por mão cristã; ocorre que o testemunho está presente em todos os códices e em concordância com o estilo de Josefo, motivo pelo qual boa parte dos estudiosos consideram o texto integralmente genuíno.
Texto do Grego:
Naquela época vivia Jesus, homem sábio, se é que o podemos chamar de homem. Ele realizava obras extraordinárias, ensinava aqueles que recebiam a verdade com alegria e fez-se seguir por muitos judeus e gregos. Ele era o Cristo. E quando Pilatos o condenou à cruz, por denúncia dos maiorais da nossa nação, aqueles que o amaram antes continuaram a manter a afeição por ele. Assim, ao terceiro dia, ele apareceu novamente vivo para eles, conforme fora anunciado pelos divinos profetas e, a seu respeito, muitas coisas maravilhosas aconteceram. Até a presente data subsiste o grupo dos cristãos, assim denominado por causa dele.
Texto do Árabe:
Naquela época vivia Jesus, homem sábio, de excelente conduta e virtude reconhecida. Muitos judeus e homens de outras nações converteram-se em seus discípulos. Pilatos ordenou que fosse crucificado e morto, mas aqueles que foram seus discípulos não voltaram atrás e afirmaram que ele lhes havia aparecido três dias após sua crucificação: estava vivo. Talvez ele fosse o Messias sobre o qual os profetas anunciaram coisas maravilhosas.
Relato do historiador pagão Públio Caio Cornélio Tácito (55 - 120), foi questor, pretor, cônsul, procônsul da Ásia e orador. sobre a perseguição desencadeada contra os cristãos pelo imperador Nero, logo após o incêndio de Roma ocorrido no ano 64 dC. O trecho foi extraído de sua obra "Anais", livro XV,44, escrita no início do séc. II (entre 115 e 120).
Nenhum meio humano, nem os gestos de generosidade do imperador [Nero], nem os ritos destinados a aplacar [a ira] dos deuses, faziam cessar o boato infame de que o incêndio havia sido planejado nas altas esferas. Assim, para tentar abafar esse boato, Nero acusou, culpou e entregou às torturas mais deprimentes a um grupo de pessoas que eram detestadas por seu comportamento e que o povo chamava "cristãos".
Este nome lhes provém de Cristo, que no tempo de Tibério havia sido entregue ao suplício pelo procurador Pôncio Pilatos. Reprimida no momento, essa execrável superstição surgiu novamente, não apenas na Judéia - seu lugar de origem - mas também em Roma, onde tudo aquilo que há de ruim e vergonhoso no mundo chega e se espalha.
Primeiramente começou-se a prender aqueles que se reconheciam como cristãos; depois, a partir da confissão destes, muitos outros foram considerados culpados, mais pelo ódio do gênero humano do que pelo próprio incêndio. À execução deles foi acrescentada a zombaria, cobrindo-os com peles de animais - a fim de que morressem mordidos por cães - ou pendurando-os em cruzes - a fim de que servissem como tochas vivas para iluminar a noite. Nero oferecera seus jardins para este espetáculo e organizava jogos no circo, misturando-se ele mesmo ao populacho com roupas de auriga, ou ficando de pé sobre um carro. Desta forma, ainda que estes homens fossem culpados e merecessem ser castigados com rigor, acabavam por despertar a compaixão, estimando-se que não eram sacrificados pelo interesse da nação, mas pela crueldade de um só homem.
Carta de Caio Plínio Cecílio Segundo (o jovem 61 ou 62 - 114), governador da Bitínia entre 111 e 113, a Trajano, imperador de Roma entre 98 e 117 dC, solicitando instruções de como proceder perante as denúncias contra os cristãos. Escrita por volta de 111( Epistolário de Plínio 10,96 ).
Senhor:
É regra para mim submeter-te todos os assuntos sobre os quais tenho dúvidas, pois quem mais poderia orientar-me melhor em minhas hesitações ou me instruir na minha ignorância?
Nunca participei de inquéritos contra os cristãos. Assim, não sei a quais fatos e em que medidas devem ser aplicadas penas ou investigações judiciárias. Também me pergunto, não sem perplexidade: deve-se considerar algo com relação à idade, ou a criança deve ser tratada da mesma forma que o adulto? Deve-se perdoar o arrependido ou o cristão não lucra nada tendo voltado atrás? É punido o nome de "cristãos", mesmo sem crimes, ou são punidos os crimes que o nome deles implica?
Esta foi a regra que eu segui diante dos que me foram deferidos como cristãos: perguntei a eles mesmos se eram cristãos; aos que respondiam afirmativamente, repeti uma segunda e uma terceira vez a pergunta, ameaçando-os com o suplício. Os que persistiram mandei executá-los pois eu não duvidava que, seja qual for a culpa, a teimosia e a obstinação inflexível deveriam ser punidas. Outros, cidadãos romanos portadores da mesma loucura, pus no rol dos que devem ser enviados a Roma.
Bem cedo, como acontece em casos semelhantes, com o avançar do inquérito se estendia também o crime, apresentando-se diversos casos de tipo diferente:
Recebi uma denúncia anônima, contendo grande número de nomes. Os que negavam ser cristãos ou tê-lo sido, se invocassem os deuses segundo a fórmula que havia estabelecido, se fizessem sacrifícios com incenso e vinho para a tua imagem (que eu havia mandado trazer junto com as estátuas dos deuses) e, se além disso, amaldiçoavam a Cristo - coisas estas que são impossíveis de se obter dos verdadeiros cristãos - achei melhor libertá-los.
Outros, cujos nomes haviam sido fornecidos por um denunciante, disseram ser cristãos e depois o negaram: haviam sido e depois deixaram de ser, alguns há três anos, outros há mais tempo, alguns até há vinte anos. Todos estes adoraram a tua imagem e as estátuas dos deuses e amaldiçoaram a Cristo, porém, afirmaram que a culpa deles, ou o erro, não passava do costume de se reunirem num dia fixo, antes do nascer do sol, para cantar um hino a Cristo como a um deus; de obrigarem-se, por juramento, a não cometer crimes, roubos, latrocínios e adultérios, a não faltar com a palavra dada e não negar um depósito exigido na justiça. Findos estes ritos, tinham o costume de se separarem e de se reunirem novamente para uma refeição comum e inocente, sendo que tinham renunciado à esta prática após a publicação de um edito teu onde, segundo as tuas ordens, se proibiam as associações secretas.
Então achei necessário arrancar a verdade, por meio da tortura, de duas escravas que eram chamadas ministrae, mas nada descobri além de uma superstição irracional e sem medida. Por isso, suspendi o inquérito para recorrer ao teu conselho.
O assunto parece-me merecer a tua opinião, principalmente por causa do grande número de acusados. Há uma multidão de todas as idades, de todas as condições e dos dois sexos, que estão ou estarão em perigo, não apenas nas cidades mas também nas aldeias e campos onde se espalha o contágio dessa superstição; contudo, creio ser possível contê-la e exterminá-la.
Com certeza, sei que os templos desertos até há pouco, começam a ser novamente frequentados; que as solenidades sagradas até há pouco interrompidas, são retomadas; e que, por toda a parte, voltam a vender-se a carne das vítimas, até há pouco sem compradores. Disto pode-se concluir que uma multidão de pessoas poderia ser curada se fosse aceito o arrependimento delas.
Resposta do imperador Trajano à Plínio, governador da Bitínia,
( Epistolário de Plínio" 10,97 ).
Meu caro Segundo:
Seguiste a atitude correta, exatamente a que devias ter, no exame das causas daqueles que te foram denunciados como cristãos.
Não há como se estabelecer uma regra geral, que tenha valor de norma fixa. [Porém,] não deve ser objeto de investigação por iniciativa oficial. Se forem denunciados e confessarem, devem ser condenados observando-se a seguinte restrição: aquele que negar ser cristão, mesmo sendo suspeito com relação ao passado, e oferecer prova clara disso, sacrificando aos nossos deuses, seja perdoado por seu arrependimento.
Quanto às denúncias anônimas, não devem ser consideradas em nenhuma acusação, pois são um exemplo detestável e não são dignas da nossa época.
Caio Suetônio Tranquilo ( 69 - 141), em sua obra "Vida dos Doze Césares" XXV,4 (cerca de 120), alude à expulsão dos judeus de Roma (At 18,2) em 41 dC, na época do imperador Cláudio.
O decreto de expulsão seria, segundo ele, resultado dos constantes distúrbios ocorridos nas comunidades judaicas em Roma em virtude de Cristo...
Como os judeus, à instigação de Cresto, não deixassem de provocar distúrbios, expulsou-os de Roma.
O Talmud é uma fonte que contém antigas tradições judaicas e que foi concluído no século IV dC. Em comentário à lei do Mishná (séc. II) que prescreve a pena de morte logo após o julgamento do réu, o Talmud babilônico cita Jesus. Ainda que fale de Jesus com tom depreciativo, o texto reconhece que Jesus foi condenado pelo tribunal judaico e sua pena foi aplicada de fato.
...Entretanto foi ensinado que, na vigília da festa da Páscoa, Jesus foi suspenso. Porém, quarenta dias antes, o arauto havia proclamado que ele seria apedrejado por praticar a magia e por ter seduzido Israel para a apostasia. Poderia quem quisesse vir e falar algo em sua defesa, mas como nada foi feito em sua defesa, foi suspenso na véspera da Páscoa.
Ula objetou: "Tu acreditas que algo poderia ser dito na defesa dele? Ele não era um sedutor, como fala a Escritura: 'não o perdoarás, nem o defenderás?" Contudo, as coisas foram diferentes com Jesus porque estava em relação com o governo.